terça-feira, 30 de janeiro de 2007

Tutores


Uvas e fermentações
E confusões,
Tintas, brancas reparei,
Perguntei,
Olhem, outra que não li;
Não compreendi, mas ri
Folheei;
Palavras que alguém diz...
Que nariz;
No final,
Tamanhas contradições,
Sem correcções
Está mal!

quinta-feira, 25 de janeiro de 2007

Um branco simpático






Muito aromático e diferente,
Branco dos Biscoitos misto de sabores,
Longo companheiro para muita gente,
É este "Donatário" dos Açores.


Na nobre ilha Terceira foi nascido,
Do arquipélago o mais afamado,
Na restauração é também pretendido,
Prometendo um amor alvoraçado.


Fui encontrar este vinho simpático,
Este ano no bazar diplomático,
Foi grande a sorte tê-lo conseguido.


Olhei e não pensei duas vezes sequer,
Comprei garrafas para beber com mulher,
Acreditem que não foi tempo perdido.

domingo, 21 de janeiro de 2007

Defender curraletas!




A enxada polida de tanto cavar,
Nas calejadas mãos de arma servia,
A lâmina sempre pronta a disparar,
Ao longe, músculos d'um braço se via,
Outro camarada do grupo sem parar,
Zás trás, zás trás, o mesmo gesto fazia,
Numa cadência a fazer-nos lembrar,
Valente pelotão de infantaria.


Inimigo, uma autêntica fera,
Defender curraletas! Alguém dizia,
Ajudar no combate, alguém quisera,
Era espião! De nada lhes valia,
Ataquem com o betão! Alguém dissera,
A voz daquele que agora fugia,
Pessoa fluente que nada fizera.
E que a muita gente também polia.


Triunfaram as enxadas mais uma vez,
Já ao cacique conseguiram demandar,
Aquele era também uma boa rês,
Nesta batalha não se pode abrandar,
Verdelho dos Açores e o Terrantez
Da Terceira castas nobres a conservar,
Património vitícola português,
Que os traidores se querem apoderar.

sábado, 20 de janeiro de 2007

MULATO NOS BISCOITOS

Fotos: António Ferreira Cacho. Colecção: Luís Mendes Brum
Local:À boca da Canada do Caldeira ( polivalente).
Toiro : O famoso Mulato na sua 50.ª corrida-22 de Setembro de 1941.
Criador : Manuel "Churica".



quinta-feira, 18 de janeiro de 2007

Num copo de saudade



Janeiro está bastante frio,
Falamos com muita saudade,
Recordando uma amizade,
Que fisicamente já partiu.


O agrónomo apaixonado,
Era José Duarte Amaral,
Obras de grande profissional,
Um Homem muito apreciado.


Grupo de amigos aqui estão,
C'um Verdelho dos Biscoitos na mão,
Silêncio e d'alma ferida.


Palavras dele no pensamento,
Sinal de pesar neste momento,
Numa homenagem merecida.

domingo, 14 de janeiro de 2007

Verdelho dos Biscoitos com pena capital

Foto aérea de Aristides Pires.16 Julho de 1999.
Litoral dos Biscoitos-Foto de José Gabriel-"O Fotógrafo".

Biscoitos. Canada das Vinhas.1 de Fevereiro de 1996.


Nos Biscoitos a Confraria do Vinho Verdelho,
Uma associação portuguesa a distinguir,
Pela defesa do património do Concelho
Um bom exemplo que os governantes devem seguir.


Com os seus ritos e cerimónias a preceito,
Rigor e objectivos que os levam a praticar,
As suas grandes lutas têm produzido efeito,
Ao contrário d'outras que as vinhas querem matar.


Os sinais das batalhas continuam bem presentes,
Confrades enófilos na frente ainda estão,
Contra aquelas opiniões muito diferentes,
Que tudo destroiem com projectos da sua feição.


Tais teimosos que nem querem dar a esquerda face,
Foi perca de tempo a quem sua porta bateu,
Bom seria dispensar que grave plano vingasse,
Tal procedimento já à Confraria ofendeu.



Os nossos políticos não têm mostrado vontade,
Proteger as curraletas em Paisagem Cultural,
Comissões e reuniões sem continuidade,
Património condenado a pena capital.

Casa Agrícola Brum com nova administração



“No passado dia 27 de Dezembro (2007) assumiram lugares directivos na Casa Agrícola Brum Lda., Biscoitos, dois sócios da quinta geração dos Brum, produtores e detentores de várias marcas de vinhos, ao longo de quase 120 anos.

Luís Fernando Pinheiro Brum, estudante do terceiro ano no Instituto Superior de Agronomia, tomou posse como sócio-gerente e sua irmã, Maria Cristina Pinheiro Brum, finalista da Escola Superior de Comunicação, ficou responsável pela imagem desta conceituada empresa terceirense.

(…)

Pioneira em vários campos da temática, a que se vem dedicando, não podemos olvidar que foi a Casa Agrícola Brum a primeira a instituir nos Açores um Museu do Vinho, hoje visitado anualmente por milhares de pessoas, prestando relevantes contributos às vertentes socio-cultural, económica e evidentemente ao turismo.”

In "A União" de 10 de Janeiro de 2007


sexta-feira, 12 de janeiro de 2007

Mar de Verdelho

Q'ando o mar galgar terra da Terceira,
Certamente milagre acontecerá,
Se bem ouvi não será a vez primeira,
Que a água em vinho se tornará.


O Atlântico uma grande banheira,
Mar de Verdelho ! Dirá alguém n'um grito.
Vinho ! É vinho !Seja Baco bendito !
Olhai ! Biscoitos com azul de bandeira.


Os dias se tornariam diferentes,
Prós médicos grande a preocupação,
Uma população em loucura total.


Para todos da ilha e seus parentes,
Estariam numa constante aflição,
Milagre neste pensamento bacanal.


quarta-feira, 10 de janeiro de 2007

Verdelho dos Biscoitos

Alguém me disse à pressa,
Não queria acreditar,
Uma Angra submersa,
Toda a baixa será mar.


A Praia irá naufragar,
E desta não se levanta,
De barquinho a navegar,
Lamentar não adianta.


Junto à costa construir,
Quer dizer desvalorizar,
Serão as casas a ruir,
Já pela subida do mar.


Biscoitos têm igual sorte,
Videiras debaixo do mar,
As curraletas do norte,
Vestígio a observar.


O Verdelho dos Biscoitos,
Um nicho a valorizar,
Será só prós mais afoitos,
Que o começa a guardar.


Renome a qualidade,
Licoroso para amar,
Grande generosidade
Para um dia degustar.


Ò que preciosidade,
Vinho d'uma raridade,
Baco devia adorar.


Crime da humanidade,
Estar poluindo o ar,
Daí a subida do mar.


terça-feira, 9 de janeiro de 2007

Vinhinho marinheiro



Ó vinhinho marinheiro
Estou bem neste momento,
Chegarei a casa inteiro
Se não cair do jumento,
Não és a água da Fonte
Da Caparica do monte,
Vamos burro temos que ir
Este vinho não é mosto,
Antes do sol ficar posto,
Temos a vaca a mugir.


Vinhinho não volto atrás,
Tenho a vaca no Paul,
Amanhã já cá me terás,
Ao burro e ao ti Raul,
Empinar mais um copinho
Para não dormir sozinho,
O jumento já prometeu
Não me deixar caído,
Se ouvires algum gemido
Não te assustes sou eu.


Ó vinhinho marinheiro
Estou bem neste momento,
Chegarei a casa inteiro
Se não cair do jumento,
Contigo não há segredo,
Sem querer fazer enredo,
Ó vinhinho diz-me lá então,
Mas não o digas a ninguém,
A vaca quantas tetas tem,
Tantos dedos como a mão?

domingo, 7 de janeiro de 2007

Rebusco


Vindes senhores da autarquia,
P'ra ver paisagem sem igual,
São curraletas duma freguesia,
Nosso património cultural.


Quer seja noite ou seja dia,
D'uma imensa beleza divinal,
Boa cabeça se resumia,
Não com o Plano D. Municipal.


Qual bela a vossa fantasia,
Que ninguém consegue compreender,
Deixarem esta cultura morrer.



Um conto - "coveiros" eu diria,
Tamanha é a falta de tacto,
Assim ficarão mal no retrato.

sexta-feira, 5 de janeiro de 2007

Uvas ao poder !


Braços vindos de lugar distante,
Com sentido destapar a terra,
Soltas as lavas mais adiante,
Há séculos cuspidas da serra,
Povoadores com um fim leal,
O seu sangue fervilhando vida,
Estranhos filhos do meu Portugal
Produzindo vinho à medida.


Com muitas ferramentas luzentes,
As uvas já em passa com o sol,
Curraletas como combatentes,
O trabalho autêntico farol,
Temos lava com sangue tingida,
Não se via um braço a parar,
O seu sangue fervilhando vida
Como era belo o seu cantar.


Todos serão juntos num combate,
Para lutar não faltará ninguém,
Só mesmo depois deste embate,
Nas curraletas viverá alguém,
Ao anoitecer mãos já feridas,
Foram todas as videiras contar,
O seu sangue fervilha vida
Como era belo o seu cantar.



Anos e lutas continuaram,
Serão vencedores mais uma vez,
Mas eles já os embriagaram,
Quem lhes deu o tal valor português,
Lava para alguns esquecida,
Já o poder os fizera calar,
Sangue ainda fervilha vida
Quase não os ouvimos cantar.


Despojados de grandes louvores,
Temos Bravos da ilha Terceira,
Salvar a cultura sem favores,
Contra inimigos da videira,
Defender paisagem oprimida,
Na frente da luta continuar,
Sangue ainda fervilha vida
Para sempre os ouvirmos cantar.

quinta-feira, 4 de janeiro de 2007

À espera de nada


Neste imenso Oceano
vou sonhando
na onda dos teus cabelos
no quebra - mar das ondas...
À beira - mar me encontro
namorando o horizonte
de coração salgado
pescando saudade...
Pés fimes em terra queimada
donde brotam uvas...
Esperando tudo
à espera de nada.

quarta-feira, 3 de janeiro de 2007

O que embriaga...


Mortos na embriaguês do vinho
e das paixões,
Quanto mais se bebe
mais sede se tem,
Furiosos no amor,
Procurar a felicidade da vida
nos altos empregos,
Teatro as suas grandezas,
Um remédio para a embriaguês
olhos abertos,
Observai um viciado.

terça-feira, 2 de janeiro de 2007

Terroir


Videira centenária
Com tronco retorcido,
Cepa com tal idade
Não há nada parecido,
De pouca produção
Daí a complexidade,
Com lavas no chão,
Um vinho reconhecido
Pela sua qualidade.

Vinho luxurioso



Bagos com nobre podridão
Cu o fungo de enrugar,
Fina doçura e combinação
Uma botrite a degustar,
Sabores luxuriantes,
Vinhos com história
Na Ilha como antes,
Praia da Vitória...
Vinho dos navegantes,
Biscoitos encorpados,
Métodos como d'antes
São muito apreciados.


segunda-feira, 1 de janeiro de 2007

Casta,clima e solo





A uva tem carácter,
Que pode ser modificado,
Raiz a não esquecer,
Cuidado ao ser enxertado.

Seus cachos delicadamente,
É coisa que se adora,
Se detesta ou se mente ,
Ou apenas se ignora.

Bom vinho não faz mentir,
Tintos ou brancos secos,
Muito menos omitir,
Quando são crespos ou frescos.

Há aqueles de guardar,
Outros de se abrir,
Depende do paladar,
E também do sentir.