terça-feira, 26 de fevereiro de 2008

Lisboa e as inundações

Lisboa tem já um historial no que trata a inundações. Lugares como o Rato e Alcântara debaixo de água não é algo que o nosso olhar não esteja preparado para ver. Mas antes de se poder falar do porquê das recentes inundações em Lisboa,precisamos compreender como a água se comporta ao longo do seu ciclo.

A maneira como a água se distribui à superfície tem a ver com a rede hidrográfica ou seja o conjunto de linhas de águas que estão ligadas entre si. Toda a água que cai dentro da área da rede hidrográfica vai naturalmente fluir para lá.

Mas o que acontece quando a chuva embate na superfície? Pois bem, a partir desse momento, a água tem basicamente duas opções: ou se infiltra ou fica à superfície. Se a chuva se infiltra, ela passa para o subsolo e faz um percurso lento até ao leito. Se a água não se infiltra vai começar a percorrer, pela superfície, as linhas de água.

Parece normal, não? Talvez, mas o problema entra agora. A construção desregrada, que neste pais é quase regra, é permitida mesmo em cima de linhas de águas e zonas adjacentes. Isto provoca a sua impermeabilização, obrigando-as a correr exclusivamente à superfície. A água irá então muito mais depressa para os pontos de concentração que não tem capacidade para escoar tanto caudal. Foi o que aconteceu por exemplo no Vale de Alcântara. Sem nenhum sistema para reter a água que corria ao longo do vale, esta rapidamente se acumulou na zona de Alcântara provocando as cheias que nós vimos recentemente.

O mais desconcertante é que existem programas que prevêem e evitam estas situações, mas a Câmara decide sistematicamente, ignorá-las. Esperemos que após este incidente, as autarquias tomem consciência que é necessário planear e medir melhor a cidade, para evitar novas inundações.

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