domingo, 11 de maio de 2008

Espírito Santo de Coimbra para os Açores

Coroa e ceptro símbolos do Divino Espírito Santo

Pelos relatos de alguns historiadores, a rainha Santa Isabel pretendendo celebrar a Páscoa do Espírito Santo, com um acto de humildade semelhante ao que antecede a Páscoa da Ressurreição, celebrado pela Igreja católica, nesse tempo, praticado nos Paços dos antigos Reis, e nos palácios dos seus moços fidalgos – edificante cerimónia do Lava-pés – solicitou de seu marido el-rei D. Dinis, para que no domingo de Pentecostes, à hora de tertia, fosse pelas sagradas mãos do prelado deposta a coroa real portuguesa na cabeça da pessoa mais pobre e humilde, que se encontrasse na capela dos Paços de Coimbra, dando-lhe assento no banco real, servindo-lhe de Condestável e de pajens a sua coroa.

D. Diniz tocado pela inspirada proposta de sua santa esposa, a ela logo anuiu, mandando que se fizesse, quanto a Augusta rainha acabara de propor.Em dia, hora e local indicados teve lugar a comovente cerimónia. Precisamente a pessoa mais pobre e humilde tomou assento na cadeira real, tendo por defensor o rei português e por moços os fidalgos da sua corte.

Paramentado o prelado,tomou em suas mãos a coroa, colocou-a na cabeça do pobre e humilde, soltando de seus lábios o sublime hino da Igreja; Veni Creator Spiritus... A este acto sucedeu a missa, finda a qual foi assim a coroa religiosamente conduzida para os Paços reais, onde el-rei ofertou ao pobre, um lauto banquete, colocando-o no primeiro lugar e servindo-o à mesa juntamente com a santa rainha.

Tão religiosa comoção produziu este acto nos fidalgos da casa real, que imploraram a el-rei permissão para poderem realizar de futuro igual cerimónia.

Ao pedido dos seus fidalgos anuiu el-rei, permitindo-lhes poderem ter uma coroa portuguesa, à semelhança da coroa real portuguesa naquela época na qual se engastasse um medalhão de forma elipsóide, em que estivesse desenhado o grupo da trindade Santíssima, para poder receber a bênção da Igreja.

Transportada pela nobreza esta devoção para os Açores, o culto ao Divino Espírito Santo, nunca deixou de fazer parte da vida das gentes daquele arquipélago.


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