quinta-feira, 25 de novembro de 2010

Biscoitos: que futuro?



Por: José Aurélio Dias de Almeida*

Antes de me iniciar naquela que é a principal mensagem que vos pretendo transmitir nesta minha intervenção, vou proceder a um esclarecimento que julgo necessário.

Assim, tendo sido convidado para aqui vos falar, faço-o em meu nome e em nome de um grupo de jovens biscoitenses, de ambos os sexos, movidos por uma preocupação: o futuro da sua terra.

Represento, assim, uma significativa parcela da juventude biscoitense, que se mostra atenta àquilo que a rodeia, nomeadamente ao que se relaciona com a sua freguesia e com os condicionantes que se mostram como potenciais orientadores do seu e, por tal, nosso futuro.

Penso que a mais forte razão para a existência desta consciência será o facto de nos preocuparmos com aquilo que o nosso meio nos poderá, ou não, oferecer no futuro.

Esta tendência apelidável de egoísta deixa de o ser quando se constata que alargamos as nossas preocupações para além do que materialmente pertence a cada uma das nossas famílias e pensamos na totalidade da freguesia, deixando sobressair o desejo de partilhar o que temos com aqueles que nos visitam, especialmente durante a época de veraneio.

Pelo dito, é facilmente perceptível que o que almejamos é o desenvolvimento sustentável da nossa terra natal, ou seja, um aumento progressivo do nível de bem-estar geral de todos nós.
Daqui se concluiu que, tal como o senhor Arquitecto-paisagista e Eng.º silvicultor Fernando Pessoa nos alertou há um ano, neste mesmo lugar, existe um "abismo de diferença entre Desenvolvimento e Crescimento".

Sendo uma realidade qualitativa, o desenvolvimento ultrapassa largamente o crescimento económico na medida em que alberga condições como o equilíbrio ambiental, pela gestão dos seus recursos, e políticas adequadas de produção e serviços, e de ordenamento do território.

Outra condição necessária para que uma população esteja realmente com um bom índice de bem-estar geral é o respeito pelos seus valores, pelas suas tradições, pela sua história e pela sua cultura, ou seja, pela sua identidade.

Não significa isto que o crescimento seja um mal. Antes pelo contrário. Apenas não pode ser tomado como o objectivo primordial, ou mesmo único, devendo ser sim um meio que, respeitando o quadro da ética e da moral, permita um progresso de que todos possam beneficiar, não acentuando, e até diminuindo, os desequilíbrios sociais e económicos.

Para que seja possível o desenvolvimento há que existir uma base que se traduz em informação, educação e formação, visando o conhecimento de quais as reais metas a atingir e pugnando para que se sigam os meios reais possibilidades de as concretizar.


*Mandatário Principal nos Açores da Associação Portuguesa de Jovens Enófilos (APJE).


(continua)



Outros relacionados com a paisagem vitícola dos Biscoitos:


Planta da Freguesia dos Biscoitos (ano 1830) aqui

Plantas Vasculares nas Vinhas dos Biscoitos (ano 1971) aqui.

"A vinha perde-se e a população nada ganha" (ano 1994) aqui.

"Região de Biscoitos, nos Açores - Casas em vez de vinhas" - Santos Mota (ano 1994) - aqui.

"As Vinha dos Biscoitos" -Bailinho de Carnaval da Freguesia das Fontinhas. (ano 1997) aqui.

"Uma virada nos Biscoitos"(Açores)- (ano 1998) aqui.

O viticultor açoriano está envelhecido (ano 1998/99) aqui

“Provedor de Justiça dá razão à Confraria” (ano 1999) aqui.

“Museologia de Interpretação da Paisagem Ecomuseu dos Biscoitos, da ilha Terceira” - por Fernando Santos Pessoa (ano de 2001) aqui.

"Carta de risco geológico da Terceira" (ano ano 2001) aqui.

"Paisagem Báquica - Memória e Identidade" - Aurora Carapinha (ano 2001) aqui.

“A Paisagem Açoriana dos Biscoitos” - por Gonçalo Ribeiro Telles (ano 2002) aqui.

"Fadiga sensorial" (ano 2007) aqui.

"Defender curraletas!" (ano 2007) aqui.

"Rememorando as origens dos Biscoitos nos séculos XV e XVI"- por Rute Dias Gregório (ano 2008) aqui, aqui e aqui.


“A Vinha, o Vinho dos Biscoitos e o Turismo” - por Margarida Pessoa Pires (ano 2009) aqui.


(continua)


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