sábado, 27 de novembro de 2010

III- Biscoitos: que futuro?

(continuação do anterior)


Por: José Aurélio Dias de Almeida*

É aproveitando este rico património local que poderemos oferecer boas condições a todos aqueles que potencialmente nos poderão visitar. É de registar também que só aliado a uma boa divulgação, este conjunto de condições poderão obter a resposta adequada.

Tendo em consideração estes princípios, e ouvindo o que o nosso coração nos diz, neste particular momento o que mais nos chama a atenção, é a situação que se regista com um património específico que reúne valor histórico-cultural, paisagístico e até ecológico.
Refiro-me aos "biscoitos" dos Biscoitos.

Àqueles pedaços de lava solidificada que tomando a designação de um produto alimentar, pela sua aparência, baptizaram esta freguesia e tem um lugar importante no seu seio.

Mais espectacular do que apenas esses produtos vulcânicos tais como a Natureza os depositou é, sem dúvida, o que resultou de um labor de gerações que, aproveitando esse solos, à partida infrutífero, o transformou, o moldou, enfim, o recriou, originando uma imensidão de retalhos de pedra.

Com as "curraletas" criadas, houve que recorrer ao engenho e abrir as "covas" para nelas introduzir as primeiras cepas.

Ainda me lembro de quando, pela primeira vez, me apercebi do enorme esforço necessário para a construção de tais divisões. Estava com os meus colegas no campo de jogos da Escola Preparatória dos Biscoitos, da qual era aluno, a tentar descobrir o desporto que na altura era moda na escola: o basebol. Ao ir buscar à zona limítrofe do espaço escolar uma bola que alguém batera com muita força deparei-me com um paredão, visto que a zona é de vitivinicultura.

Aquele paredão, formado por camadas laterais de "biscoitos" de proporções médias e recheado de outros de reduzida dimensão, fez-me parar e ver a beleza que continha. Passados alguns momentos avistei a dita bola entre algumas ervas e fui jogar.

O que interessa é que eu não esqueci esse momento quase mágico e sinto-me orgulhoso daquilo que constitui um património local: a paisagem vitivinícola biscoitense.

*Mandatário Principal nos Açores da Associação Portuguesa de Jovens Enófilos (APJE)

(continua)

Outros relacionados com a paisagem vitícola dos Biscoitos:

Planta da Freguesia dos Biscoitos (ano 1830) aqui

Plantas Vasculares nas Vinhas dos Biscoitos (ano 1971) aqui.

"A vinha perde-se e a população nada ganha" (ano 1994) aqui.

"Região de Biscoitos, nos Açores - Casas em vez de vinhas" - Santos Mota (ano 1994) - aqui.

"As Vinha dos Biscoitos" -Bailinho de Carnaval da Freguesia das Fontinhas. (ano 1997) aqui.

"Uma virada nos Biscoitos"(Açores)- (ano 1998) aqui.

O viticultor açoriano está envelhecido (ano 1998/99) aqui

“Provedor de Justiça dá razão à Confraria” (ano 1999) aqui.

“Museologia de Interpretação da Paisagem Ecomuseu dos Biscoitos, da ilha Terceira” - por Fernando Santos Pessoa (ano de 2001) aqui.

"Carta de risco geológico da Terceira" (ano ano 2001) aqui.

"Paisagem Báquica - Memória e Identidade" - Aurora Carapinha (ano 2001) aqui.

“A Paisagem Açoriana dos Biscoitos” - por Gonçalo Ribeiro Telles (ano 2002) aqui.

"Fadiga sensorial" (ano 2007) aqui.

"Defender curraletas!" (ano 2007) aqui.

"Rememorando as origens dos Biscoitos nos séculos XV e XVI"- por Rute Dias Gregório (ano 2008) aqui, aqui e aqui.


“A Vinha, o Vinho dos Biscoitos e o Turismo” - por Margarida Pessoa Pires (ano 2009) aqui.


(continua)



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