quarta-feira, 12 de janeiro de 2011

Origem e Evolução das Confrarias

Destaque para o papel das Confrarias Báquicas no enaltecimento e valorização do vinho




















Em termos genéricos uma confraria define-se como uma associação, entendendo-se, por associação uma reunião voluntária de pessoas que perseguem um objectivo comum, permanente, num sistema de relações recíprocas. Ainda que hoje seja elevado o número de confrarias, foi na Idade Média que se pode considerar que tiveram o seu grande incremento; não origem, porquanto tiveram por antecedentes os “collegia” romanos e as “gildas” germânicas, ambas com a doutrina cristã como fermento ideológico e psicológico dinamizador.

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Dos Diversos tipos de “colégios” romanos que na Hispânia datam maioritariamente dos séc. II e III, destaco os colégios profissionais que quando integrados por profissionais de reconhecida utilidade eram protegidos pelos poderes municipais. Tinham estes colégios como objectivos a defesa dos seus interesses comuns e festejavam a deusa Minerva no dia 19 de Março.

Como curiosidade, refiro ainda a característica geral de todos os colégios romanos que consistia na realização periódica de banquetes e a ligação a um patrono benfeitor, características que em grande parte das actuais confrarias se mantém.

Quanto à gildas germânicas, sinónimas de associações de homens livres, têm para nós pouco significado na medida em que elas apareceram e desenvolveram-se em regiões onde não existia tradição romana.


Em Portugal as confrarias mais antigas datam do século XII, multiplicando-se durante os séculos seguintes e florescendo na baixa Idade Média como reflexo da intensificação da piedade e da espiritualidade entre laicos.

Os compromissos, ou sejam os estatutos destas associações, registavam então em Portugal as designações de Confraria ou Irmandade. Confraria traduz uma familiaridade artificial e dum ponto de vista cristão implica a consanguinidade dos baptizados em Cristo. Quanto ao termo Irmandade que em Portugal substitui ou reforça o de Confraria, já em Castela assumiam significados políticos e mais tarde também fins administrativos, comerciais, de defesa e de ordem pública.

A identidade de significado dos termos é consubstanciada em diversos casos onde confraria é a distribuição de pão e carne que os confrades fazem no terreiro, ou ainda, designação de refeição comum.

Por sua vez, em diversos compromissos declara-se que o nome de irmandade só se justifica se houver refeição comum. É no fundo, segundo João Leal no seu trabalho “Império, povo e clero em Santa Bárbara”, o mesmo significado especifico que o vocábulo irmandade ainda se mantém nos Açores, onde a irmandade constitui por assim dizer a chave de um império. A expressão designa tanto um conjunto de ofertas alimentares feitas pelo imperador, como um conjunto de ofertas, sobretudo alimentares, feitas ao imperador. As maiorias das confrarias tiveram origem e fins religiosos, e muitas delas exerciam uma espécie de tutela social sobre determinados grupos profissionais, havendo noticias já nos séculos XII e XIII de confrarias de artesãos em algumas cidades portuguesas, segundo Ângela Rocha Beirante, em “Confraria medievais portuguesas”, trabalho a que recorremos em diversas referências nesta alocução. Eram confrarias dos pedreiros, carpinteiros, curtidores, sapateiros e alfaiates, tendo então todas por tronco comum a mutualidade e fraternidade. À confraria medieval era dado espaço geográfico, fazendo-se a entrada na confraria publicamente através de juramento de compromisso, generalizando-se mais tarde também o acto de inscrição no livro dos confrades e o pagamento de uma jóia em dinheiro, em produtos alimentares (animais, ovos, cereais ou vinho) ou em cera.



(continua)



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