sábado, 12 de fevereiro de 2011

AS CONFRARIAS BÁQUICAS: sua natureza e função associativa (5)


Continuação do anterior

Por: Geraldo J.A. Coelho Dias, FLUP

IV – CONCLUSÕES 


Ninguém poderá pôr em causa a conveniência, utilidade e necessidade das Confrarias Báquicas apesar do classicismo do nome, do espalhafato da hierarquização dos associados, do exotismo exibicionista das vestes e insígnias. Conforme o sentido óbvio das palavras, elas são instituições associativas que têm como referência a vitivinicultura e, embora emblematizadas por Baco, o ancestral deus romano do vinho, traduzem, na modernidade da sua existência todo o apreço e cuidado artístico, cultural, comercial, técnico, político e social que o tratamento da vinha e do vinho merece. São por isso, instituições meritórias e de utilidade pública, que, pelo seu plurifacetado carácter associativo, muito podem ajudar à manutenção da qualidade do vinho, à sua valorizada comercialização e à política de trabalho com ele relacionada. Outras Instituições oficializadas “Instituto da Vinha e do Vinho”, “Casa do Douro”, Instituto do Vinho do Porto”, comissões vitivinícolas regionais têm, sem dúvida a sua função, mas as confrarias Báquicas não lhes diminuem utilidade. Pelo contrário, dado que regiões inteiras tem na vinha e seus produtos o suporte da vida de milhares de pessoas, a estas confrarias, de forma concreta, no âmbito do seu espírito de equipa e nas suas exigências de honra, temos de conceder uma talvez maior função social em vista duma melhorada politica vitivinícola internacional e dentro dos méritos da propalada regionalização do país.

Que um encontro de natureza tão privilegiada como este 35º Congresso Mundial ajude as Confrarias Báquicas a evidenciar a sua dimensão enobrecedora num pais de tanto peso vinícola como Portugal e, a todas, pelo mundo fora, dê o dinamismo associativo necessário para despertar o interesse de produtores e consumidores, porque, não esqueçamos, a força concentrada é o segredo dos explosivos!  

Geraldo J.A. Coelho Dias, FLUP – Faculdade de Letras da Universidade do Porto

In Revista Verdelho – Boletim da Confraria do Vinho Verdelho dos Biscoitos n.º 3 - ano 1998

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