sexta-feira, 29 de fevereiro de 2008

Fevereiro dum ano bissexto

Ano bissexto é de quatro em quatro anos, e tem um dia de mais, que é formado com 5 horas e 49 minutos do ano solar, que tendo 365 dias, 5 horas e 49 minutos, dá um dia para o 4º ano, e este é o ano bissexto com 366 dias, menos 11 minutos. Mas, como as 5 horas e 49 minutos completam um dia nos quatro anos, negam-se três bissextos no período de quatro séculos.

Para se saber se um ano qualquer é ou não ano bissexto, basta tirar os séculos da era desse ano, e repartir por quatro o resto. Se nada crescer da divisão é ano bissexto; e tantos crescem indivisos, quantos anos são depois do último bissexto.

Daqui a 4 anos haverá novamente um dia 29 de Fevereiro!
Este ano é bissexto e os supersticiosos poderão estar a contar com os seus azares...
Mas, azarados, sim, aqueles que, não sendo supersticiosos, se deparam com inúmeros "azares" durante os anos comuns!
Como eles desejariam "ter azar" apenas de 4 em 4 anos!...
Não acreditamos em "azares" mas...que os há ...há!

Fisiologia do bago de uva

CACHO DE UVAS

A videira frutifica em cacho. O fruto botanicamente denominado de baga e popularmente de bago resultado do desenvolvimento do ovário da flor.

FORMATO DOS CACHOS

Cilíndrica
Cónica
Alada
Ramosa ou esgalhada (formando inclusivamente esgalhas).

"Pão mole, e uvas, as moças põe mudas, e às velhas tira as rugas"

O bago encontra-se preso à extremidade do pedicelo, que entra no bago formando o pincel, colado ao borralete. Notório quando descolamos um bago bem maduro.


BAGOS E AS SUAS FORMAS


Esférica ou globosa
Esferoidal ou achatada
Elipsóide
Ovóide
Ovo-cónica ou piriforme
Olivoide

BAGO (fisiologia)





Borralete
Pedicelo
Feixes libero lenhosos
Pincel
Grainhas
Umbigo
Película
Polpa(parte comestível)


BAGO DE UVA MADURO

Epicarpo ou Película
Cutícula
Epiderme
Células
Polpa(reunião do mesocarpo e endocarpo)
Grainhas ou sementes

quinta-feira, 28 de fevereiro de 2008

Linguagem das flores

Se,"por morrer uma andorinha não acaba a Primavera": porque não falar de flores antes de chegada da estação das ditas?
Há flores de todas as estações. De todas as cores. De todos os feitios. De variados perfumes. Para todas as ocasiões. Para todos os gostos. Com diversas linguagem.Também, tal como acontece com as crianças, não há flores feias. Todas têm os seus encantos!As flores das fotos têm a data de hoje.

PróteasOrquídea
Camélia
Pereira(Flor de)
Íris
Narcisos
Morangueiro(Flor)
Begónia
Azálea
Fuchsias
Junquilho
Flor de palmeira

Linguagem das flores


Acácia: Amizade.Quando poderei vê-la?
Angelica: Por que estás tão triste?
Azálea : Um nada é tudo para a amizade, em compensação, tudo. é um nada para a indiferença.
Acanto: Artes.
Camélia-: Grandeza de alma.
Bluete: Não há nada mais forte do que uma mulher fraca.
Begónia: Peço-lhe que me responda.
Trigo(flor de): Dê-me a sua amizade, que para mim é mais do que todas as riquezas do mundo.
Limoeiro: (folha de): Não posso corresponder ao teu amor. Lastimo-o.
Junquilho: Não me dá um inocente beijo? Quem reparará nisso?
Jasmim: Não tem confiança no meu amor?
Hortênsia: Para toda a vida.
Glicínia:Não vêm ao baile?
Fuchsia: O amor em mim não envelhece.
Dália: É tão altiva que não ouso falar-lhe.
Cipreste: A vida triste que agora levo faz-me conhecer bem a diferença de outrora.
Crisântemo: Ah! se as minhas lágrimas pudessem comovê-la.
Balsemina: Viva feliz, já que tão formosa é, e eu, apesar do profundo respeito que me inspira, amá-la-hei sempre em segredo.
Campânula:A que horas a poderei ver hoje?
Cicuta: P amor arrasta com tudo, até com a morte.
Íris: Para que perturbou a paz do meu coração?
Morango (flor de): É deliciosa.
Narcisos: Amizade eterna
Pereira(flor de): Bem estar.
Orquídea: Beleza. amor secreto.
Palmeira (flor): Amor correspondido.

quarta-feira, 27 de fevereiro de 2008

Verdelho dos Biscoitos na Lampreia de Penacova

Realizou-se no dia 23 de Fevereiro o V Capítulo da Confraria da Lampreia. À cerimónia que decorreu na Câmara Municipal de Penacova, assistiram cerca de trezentos convivas e 52 confrarias, sendo duas dos Açores, a do Vinho Verdelho dos Biscoitos(ilha Terceira) e a do Queijo São Jorge (ilha de São Jorge).
Terminada a cerimónia, os presentes acompanharam o desfile das confrarias até à Quinta da Nora (em Miro). No percurso sobressaiu o colorido dos trajes. As varandas estavam engalanadas com ricas e antigas colchas de artesanato, uma prova de carinho por parte da população.
Durante a lauta refeição destacou-se a lampreia, uma verdadeira delícia, e os "nevados", um doce conventual recuperado pela confraria. Aliás, a Confraria da Lampreia não tem vindo só a defender a lampreia, mas também muitos outros pratos marcantes no concelho de Penacova, como o arroz de míscaro e o arroz malandro.
De referir a actuação de um grupo musical local que ainda deu maior brilho ao evento.

Penacova. Irene Teixeira Quartilho Ventura de Ataíde ,Vice-Grão Mestre
da Confraria do Vinho Verdelho dos Biscoitos com representantes de outras confrarias.


Penacova. As Regiões Autónomas da Madeira e dos Açores
estiveram representadas pela Academia Madeirense das Carnes,
Confraria do Queijo São Jorge e Confraria do Vinho Verdelho dos Biscoitos

terça-feira, 26 de fevereiro de 2008

Lisboa e as inundações

Lisboa tem já um historial no que trata a inundações. Lugares como o Rato e Alcântara debaixo de água não é algo que o nosso olhar não esteja preparado para ver. Mas antes de se poder falar do porquê das recentes inundações em Lisboa,precisamos compreender como a água se comporta ao longo do seu ciclo.

A maneira como a água se distribui à superfície tem a ver com a rede hidrográfica ou seja o conjunto de linhas de águas que estão ligadas entre si. Toda a água que cai dentro da área da rede hidrográfica vai naturalmente fluir para lá.

Mas o que acontece quando a chuva embate na superfície? Pois bem, a partir desse momento, a água tem basicamente duas opções: ou se infiltra ou fica à superfície. Se a chuva se infiltra, ela passa para o subsolo e faz um percurso lento até ao leito. Se a água não se infiltra vai começar a percorrer, pela superfície, as linhas de água.

Parece normal, não? Talvez, mas o problema entra agora. A construção desregrada, que neste pais é quase regra, é permitida mesmo em cima de linhas de águas e zonas adjacentes. Isto provoca a sua impermeabilização, obrigando-as a correr exclusivamente à superfície. A água irá então muito mais depressa para os pontos de concentração que não tem capacidade para escoar tanto caudal. Foi o que aconteceu por exemplo no Vale de Alcântara. Sem nenhum sistema para reter a água que corria ao longo do vale, esta rapidamente se acumulou na zona de Alcântara provocando as cheias que nós vimos recentemente.

O mais desconcertante é que existem programas que prevêem e evitam estas situações, mas a Câmara decide sistematicamente, ignorá-las. Esperemos que após este incidente, as autarquias tomem consciência que é necessário planear e medir melhor a cidade, para evitar novas inundações.

segunda-feira, 25 de fevereiro de 2008

As Vinhas do Mar (2)

(continuação)http://bagosdeuva.blogspot.com/2008/02/as-vinhas-do-mar.html
http://bagosdeuva.blogspot.com/2008/02/as-vinhas-do-mar-1.html
As Vinhas do Mar

Teresa Lima*

"As vinhas da Ilha Terceira/Uma experiência nos Biscoitos- Quinta à Biscoitinha" é um projecto da iniciativa da Universidade dos Açores da autoria da Professora Teresa Lima, que é a responsável directa do projecto, em parceria com a Escola Básica Integrada dos Biscoitos (EBIB). Conta também com os apoios da Secretaria Regional da Agricultura e Florestas, CITA-A (Centro de Investigação Tecnológica Agrária dos Açores) e Europe Direct.
Este projecto tem como objectivos sensibilização das crianças para a cultura da vinha, a sua preservação, torná-la sustentável, manter e valorizar esta paisagem ímpar. Não nos estamos a limitar à observação, os alunos acompanham o ciclo vegetativo da vinha em 2007, aprenderam e executaram as diferentes operações que se fazem na vinha, inclusive a laboração do vinho.
Pensa-se que esta acção poderá deixar, às crianças que frequentaram em 2007 e àqueles que a estão a frequentar em 2008, sementes preciosas em ordem a criar o gosto pela vinha, sua importância social, económica, ambiental, cultural e turística. Assim, se está a contribuir para a gestão e conservação da Região Vitivinícola dos Biscoitos.

Como surgiu este projecto?
Freguesia dos Biscoitos- Vinha do SDAT- 2007 foto de Teresa Lima

Os Biscoitos é uma freguesia que tem cerca de 85% das suas vinhas abandonadas e ameaçadas pela construção imobiliária. Há que trabalhar com muita persistência e determinação para evitar o colapso da viticultura nesta região.
Há alguns anos que a Universidade dos Açores se preocupa com o abandono progressivo das vinhas, com a escassez de mão-de-obra e com a falta de motivação da gerações mais novas para se ligarem a esta actividade. A ideia é sensibilizar, contagiar, instruir e treinar as crianças e os adolescentes neste sentido.
Foi com o desenrolar do Projecto ENOTURMAC da Universidade dos Açores, que se tratou pela primeira vez, nesta Região, o tema "Vinho como Produto Turístico" que esta ideia foi amadurecendo. Através do ENOTURMAC (INTERREG III B Açores- Madeira- Canárias) realizaram-se diversas acções para sensibilizar a população açoriana para a importância da vinha, do vinho e da gastronomia num turismo sustentável. Elas trouxeram uma nova dinâmica para pensar a vinha e o vinho como produtos turísticos.
A problemática da escassez de mão-de-obra foi diversa vezes abordada. Pensamos que há que instruir as gerações mais novas de modo a criar uma mentalidade e uma atmosfera de ligação e participação na vinha.
Arrancou-se com este projecto em Março de 2007. em primeiro lugar havia necessidade de dispormos duma vinha. Nesse sentido contactou-se o Chefe do Serviço de Desenvolvimento Agrário da Ilha Terceira, Engº José António Ávila, que de imediato nos disponibilizou esse espaço. Disponibilizou também o Técnico António Fernando Espínola Godinho para ensinar as práticas vitícolas. Seguidamente necessitava-se das crianças. Nessa ordem contactou-se a direcção da Escola Básica Integrada dos Biscoitos que também aceitou uma parceria com a Universidade dos Açores. A direcção desta Escola indicou a professora Drª Cecília Terra para acompanhar os alunos. O projecto foi acolhido com total adesão.


Aprendendo a podar vinha

A vindima de 2007

O Técnico António Fernando Espínola Godinho no dia da vindima de 2007


Esmagamento das uvas

A prensagem

A experiência decorreu com uma turma do 5º Ano de escolaridade. Eram 14 alunos(8 meninas e 6 meninos). a presença da meninas é crucial, tendo em conta o significado que tem o pensar e o actuar do sector feminino nas famílias e nos ambientes.
As mulheres são um grande factor de mentalização, de contágio, de participação e actuação. Mais tarde, como educadoras dos filhos, estas meninas que agora participam nesta experiência, criarão u,ma atmosfera de gosto e ligação afectiva e física à vinha e ao vinho. A vinha poderá não constituir uma maneira de viver, mas poderá ser um útil subsídio económico.

Freguesia dos Biscoitos .Foto da aluna Bárbara.
A Professora Teresa Lima com os alunos na primeira ida à vinha este ano



A poda e monda manual executada pelas crianças
com a orientação do Técnico António Espínola Godinho


Este trabalho continua com mesmos alunos, agora no 6º Ano, e conta com mais oito alunos e uma nova turma do 5º Ano com 20 alunos. Pretende-se que estes alunos acompanhem toda a actividade da vinha e laboração do vinho do 5º ao 9º Ano de escolaridade. No futuro pretende-se estender o projecto às outras turmas da EBIB. O objectivo é atingir a comunidade biscoitense e as freguesias circunvizinhas, chegando mesmo às futuras gerações adultas. Há que executar um enorme investimento.
Como temos mais uma turma, o Serviço de Desenvolvimento Agrário disponibilizou-nos outra curraleta.

Durante a palestra foi apresentado um Power Point de todas as actividades efectuadas pelos estudantes em 2007 na vinha do SADT bem como a poda de 2008 nessas curraletas.

Casa do Povo dos Biscoitos. Jovens assistindo à palestra

Os jovens e adultos participantes neste encontro mostraram-se muito interessados e motivados para este tema, o que originou uma série de questões muito pertinentes.

Após a palestra, o Produtor e Engarrafador José Manuel Machado de Sousa recebeu-nos na sua Adega onde degustamos o vinho de Verdelho "Pedras do Lobo" da colheita de 2007 que foi muito apreciado e está com muita categoria.


Freguesia dos Biscoitos. Durante a prova do vinho "Pedras do Lobo"
da lavra do Produtor/Engarrafador José Manuel Mendonça machado de Sousa.
Uma Adega cheia de juventude!

José Machado de Sousa acompanhando a prova

Na Adega Pedras do Lobo

Seguidamente fomos recebidos pela Casa Agrícola Brum Lda., por uma das proprietárias Sócia- Gerente Maria de Lurdes Garcia Pinheiro Brum que nos deliciou com as provas dos vinhos "Donatário" e "Da Resistência" de 2006 bem como os néctares licorosos "Chico Maria" meio- seco e doce. Todos estes vinhos estão também com muita categoria.


Sala de Provas da Casa Agrícola Brum.
O vinho no feminino.


Museu do Vinho da Casa Agrícola Brum.
Dois jovens de barba rija provando o branco "Donatário".

Adega da Casa Agrícola Brum(Museu do Vinho).
Duas jovens com um vinho jovem.

Adega da Casa Agrícola Brum (Museu do Vinho).
Duas jovens com o "Chico Maria".

Aquando das visitas às referidas Adegas os participantes tiveram oportunidade in loco de se inteirarem dos problemas com que estes produtores se debatem na Região Vitivinícola dos Biscoitos.

* Universidade dos Açores


domingo, 24 de fevereiro de 2008

As Vinhas do Mar (1)

Tal como referimos no dia 21 de Fevereiro, http://bagosdeuva.blogspot.com/2008/02/as-vinhas-do-mar.html
realizou-se ontem, na casa do Povo dos Biscoitos, a convite da Juventude Social Democrata dos Biscoitos, uma palestra proferida pela Professora Doutora Maria Teresa Ribeiro de Lima, Docente da Universidade dos Açores/Departamento de Ciências Agrárias, tendo por tema "As Vinhas do Mar"e que hoje passamos a publicar.


As Vinhas do Mar
* Teresa Lima


Algumas referências à História Vitivinícola dos Biscoitos


O vinho é um "fruto da terra e do trabalho do homem" expressão que põe em evidência o facto de que a sua produção é em grande parte resultado do saber e da arte humana.
A História prova-nos que o vinho esteve associado a todos os momentos felizes das pessoas e nações que marcaram a vida da humanidade.
A introdução da vinha nos Açores remonta ao seu povoamento cerca de 1450 e pensa-se que foram os frades Franciscanos que a introduziram.
No caso concreto da Ilha Terceira, onde se encontra a região vitivinícola dos Biscoitos, a introdução da vinha presume-se que terá acontecido com a chegada do primeiro capitão do Donatário Jácome de Bruges e comitiva(Sampaio, 1904). Gaspar Frutuoso refere as castas que foram introduzidas, nomeadamente Verdelho, Moscatel Mourisco e Assara(espécie de Moscatel?).
"A mais antiga notícia da introdução da vinha e do aproveitamento dos terrenos designados de biscoito", na ilha de Jesus Cristo, a Terceira, é, provavelmente a que consta de «...uma carta datada de 15 de Dezembro de 1503, outorgada por Antão Martins, Capitão da Praia, em benefício do almoxarife da mesma capitania, João Ornelas da Câmara, estabelecia, como uma das obrigações, o plantio, em certo "biscoitos" de 300 bacelos, 60 amoreiras, 30 figueiras, e outros tantos marmeleiros, destinando-se o espaço restante a pastagens para o gado bovino, ovino, porcino e cavalar».
«O vinho do Pico foi o vinho dos Czares, o dos Biscoitos foi o vinho das Caravelas da rota das Índias e das Especiarias. Entre os produtos essenciais ao abastecimento das armadas figurava o vinho"Verdelho".
Nessa época, e ainda hoje, a maior mancha de biscoito na ilha Terceira, fica na freguesia, denominada de "Paroquial de S. Pedro do Porto da Cruz" e, também do Sr. S. Pedro do Porto da Cruz, onde morava Pero Enes do Canto, que mais tarde é designado Provedor das Armadas. É nesta nesta freguesia que ele compra uma propriedade de grande produção de vinho. Na sua qualidade de provedor das Armadas tinha o dever por obrigação da reparação e segurança das armadas, bem como o abastecimento... de vinho às naus que vinham carregadas de riquezas e especiarias.
Em 1853, com o aparecimento do "burril", Uncinula nector(Svhw) a produção de vinho verdelho na ilha Terceira e nas restantes ilhas começou a decrescer bruscamente, não chegando para o consumo local. Os viticultores nada puderam fazer para impedir esta doença criptogâmica.
Em 1870, uma nova praga, pelo afídeo Phylloxera vastatrix, atacou as vinhas destruindo-as de forma drástica. A área de verdelho dos Biscoitos foi praticamente eliminada. A partir dessa altura a maior parte dos viticultores começou a intensificar a casta Isabella e outros híbridos, de grande aceitação como produtor directo por ser produtiva, mais resistente às doenças e mais fácil de cultivar.
Nos Biscoitos as vinhas de Verdelho ficaram praticamente abandonadas durante quase 20 anos. Ao fim deste tempo uma personalidade empreendedora e interessante, Francisco Maria Brum, mais conhecido por Chico Maria, empenhou-se na reabilitação do Verdelho dos Biscoitos, comprando muitas das vinhas abandonadas. Levou das suas vinhas do Porto Martins algumas puas de plantas de Verdelho que tinham resistido à filoxera, que não tinham sido atingidas por esta nefasta praga e posteriormente procedeu à sua propagação nos Biscoitos utilizando como porta-enxertos a Vitis rupestris.
Graças ao seu empreendimento, Francisco Maria Brum, em 1890, fundou a primeira Adega Regional do seu tempo. Os resultados dos testes iniciais foram satisfatórios e a produção galopante. Em 1901, a produção traduziu-se em três pote de vinho de verdelho, no ano seguinte numa pipa. Em 1903, foram 6 pipas e meia; no ano seguinte, 11 pipas. Em 1907, a produção atingiu 29 pipas de verdelho. Na administração da Adega (Casa Agrícola Brum) sucedeu-lhe o filho Manuel Gonçalves Toledo Brum, falecido em 20 de Março de 1959, transitando a fazenda para o o seu único filho, Fernando Linhares Brum. Passando depois para o filho deste Luís Mendes Brum. Muito recentemente, 27 de Dezembro de 2007, passou para a 5ª Geração, para os filhos de Luís Brum.
Neste momento nos Biscoitos(2008) apesar da predominância das castas americanas, e seus híbridos, as culturas da verdelho e de outras castas europeias, nomeadamente Terrantês, Boal, Fernão Pires continuam e estão a ser muito valorizadas.
Note-se que a região vitivinícola dos Biscoitos é detentora da maior mancha contínua de Verdelho, nos Açores assim como na Macarronésia. Enquanto que nas Canárias, o Verdelho aparece como tempero na elaboração dos vinhos, nos Biscoitos fazem-se vinhos de verdelho. O Vinho Verdelho actual consta de 85% a 90% da variedade verdelho e a percentagem restante das referidas castas europeias.
Nos Biscoitos o vinho de qualidade é o de Verdelho que pode ser de mesa, regional ou licoroso (IPR).
Actualmente, a nível da Região Autónoma dos Açores, o vinho de Verdelho dos Biscoitos licoroso tem um lugar privilegiado, a tal ponto que muitas recepções oficiais incluem um "Biscoitos de Honra". Também tem tido assento nalguns acontecimentos solenes a nível Nacional. No Palácio de Sant'Ana, no Jantar oferecido aos Reis de Espanha, o brindaram com o Vinho de Verdelho Licoroso Seco "Chico Maria" da Casa Agrícola Brum.No Palácio de Queluz aquando do jantar de gala que antecedeu o casamento do Duques de Bragança, o vinho licoroso da Casa Agrícola Brum esteve também presente.


Em 1989 foi montado o primeiro laboratório de enologia dos Açores, na Universidade dos Açores, no Departamento de Agrárias. Foi feita uma caracterização físico-química dos vinhos do Pico e também dos Biscoitos. Os resultados apontavam para vinhos que usufruíam de poucos cuidados tecnológicos. A Secretaria Regional de Agricultura de então admitiu um técnico para o vinho e outro para a vinha.
Em 1993 começou a aparecer vinhos de mesa com qualidade.
O dec-lei de 25 de Janeiro de 1994, cria as Zonas Vitivinícolas, dos Biscoitos, da Graciosa e do Pico. As zonas criadas permitem o fomento e a protecção das castas tradicionais mais importantes, de modo a incrementar a genuinidade e a qualidade dos vinhos brancos. Segundo esse decreto a região dos Biscoitos foi demarcada para a produção de vinho licoroso de qualidade produzido em região determinada(VLQPRD) assim como a do Pico. A da Graciosa para a produção de VQPRD.
As castas recomendadas para VLQPRD dos Biscoitos são Verdelho, Arinto e Terrantés. Como castas autorizadas, Boal, Malvasia, Sercial, Fernão Pires, Generosa e Galego-Dourado. Na laboração são seguidos os métodos e práticas enológicas tradicionais. Os mostos destinados aos vinhos de designação VLQPRD devem ter um título alcoométrico em potência mínimo natural de 12% vol. Estes vinhos só podem ser engarrafados após um estágio de 3 anos em madeira e devem apresentar um título alcoométrico volúmico total não inferior a 16% vol. O rendimento máximo por hectare é de 50hl.
A genuinidade e a qualidade do vinho dos Biscoitos, bem como dos vinhos do Pico e da Graciosa, de indicação de proveniência regulamentada (IPR), passou a ser garantida pela Comissão Vitivinícola Regional dos Açores (CVRA), instalada em 1995.
Esta tem também como atribuições o fomento e o controlo dos VLQPRD, dos VQPRD e dos Vinhos Regionais. A categoria de Vinho Regional dos Açores foi criada em 2005.
Outro acontecimento muito significativo para o vinho dos Biscoitos teve lugar em 1990, aquando do centenário da Casa Agrícola Brum, com a criação do Museu do Vinho, que tem desempenhado um papel muito significativo na divulgação da História Vitivinícola Regional e Enoturismo.
Em 1993 foi fundada a Confraria do Vinho Verdelho dos Biscoitos, com sede no Museu do Vinho. Esta tem como lema a defesa, promoção, valorização e divulgação do vinho verdelho dos Biscoitos e do vinho de qualidade dos Açores. A Confraria tem sido um veículo importante na divulgação dos vinhos Açorianos de qualidade a nível regional, nacional, internacional e também na preservação das vinhas dos Biscoitos inclusivamente como valor ambiental.
No ano de 1997, foi criada nesta mesma freguesia uma delegação da Associação dos Jovens Enófilos, com um presença importante na divulgação do vinho dos Açores de qualidade e na preservação da paisagem da vinha.
Em Novembro de 1996, foram certificados IPR o VLQPRD da Casa Agrícola Brum, com a marca Brum e o VLQPRD da Cooperativa Vitivinícola da Ilha do Pico, com a marca Lagido. Em Junho desse ano havia também sido certificado o primeiro VQPRD dos Açores, com a marca Pedras Brancas, da Adega Cooperativa da Graciosa.
Nos Biscoitos em 1998 foi criada uma Adega Experimental do Serviço de Desenvolvimento Agrário da Ilha Terceira. Está apetrechada com modernos equipamentos indispensáveis à tecnologias do vinho.Aqui são vinificadas as uvas provenientes das vinhas destas serviços e dos seus campos experimentais.Para além disso é também utilizada em acções de formação, informação e divulgação.
Outro evento de interesse para o vinho dos Biscoitos é a Festa da Vinha e do Vinho que se realiza desde 1992, no primeiro fim-de-semana de Setembro, no Museu do Vinho da Casa Agrícola Brum. Esta festividade e é organizada pelo INATEL.
Com a criação das zonas vitivinícolas, muitos dos pequenos produtores dos Biscoitos começaram também a sentir desejo de certificar os seus vinhos. Para isso teriam de criar condições nas sua Adegas, o que nem sempre tem sido fácil, dados os elevados custos do material e equipamentos. Daí um grupo de vitivinicultores se ter mobilizado no sentido da criação de uma Adega Cooperativa, que em 1999 começou a laborar um vinho branco de mesa, essencialmente à base da casta Verdelho. Esta adega começou com 26 associados e actualmente conta com cerca de 50. Comercializam o vinho de Verdelho com a marca Moledo.
Todavia, cerca de 10 produtores particulares continuam a laborar os seus vinhos verdelhos de mesa nas suas respectivas adegas, o que é de louvar também. Alguns com apoio da Adega Experimental da SDAT.
A Adega Pedras do Lobo labora um vinho de Verdelho, feito com as castas Verdelho Branco e Verdelho Roxo, em 1998 foi considerado um dos 10 melhores vinhos brancos nacionais.
Os vitivinicultores dos Biscoitos têm consciência que a internacionalização dos produtos cresce e as exigências do consumidor são enormes, pelo que continuam a apostar no fabrico de vinhos pelos processos artesanais, mas tecnologicamente evoluídos.

(continua)

sábado, 23 de fevereiro de 2008

Por caminhos açorianos...

Prosseguem as caminhadas de fé e penitência dos Romeiros das Ilhas Graciosa, São Miguel e Terceira.
Vão caminhando com paragem nas igrejas e ermidas das freguesias das suas ilhas sendo acolhidos pelas populações com alimentos ou um simples olhar amigo.
Na ilha Terceira a caminhada termina já amanhã com a celebração de uma Eucaristia no Santuário de Nossa Senhora da Conceição em Angra do Heroísmo.
Que os actuais elementos de todos os Ranchos de Romeiros dos Açores, não deixem de se sentir irmãos e consigam motivar outros tantos para as Romarias da próxima Quaresma.
Fanda
O livro Romeiros- Peregrinos de hoje- Açores,
uma edição (Dezembro de 1987) de Álvaro Saraiva, fotógrafo e
de Teixeira Dias (José Maria),Licenciado em História,
que nos faz compreender melhor as Romarias na Ilha de São Miguel

Padre Francisco Dolores, Reitor do Santuário da Conceição, em Angra do Heroísmo;
Padre Luís Carlos Castro, Pároco da freguesia dos Biscoitos, Praia da Vitória e
Hélder Ávila
, Irmão Mestre do Rancho do
Santuário de Nossa Senhora da Conceição de Angra.


sexta-feira, 22 de fevereiro de 2008

Romeiros continuam caminhando

O Rancho dos Romeiros de Nossa Senhora da Conceição de Angra do Heroísmo, Ilha Terceira dos Açores, no qual estão integrados elementos das Ilhas Graciosa e São Miguel, cumpriram ontem o seu 2º Dia de Romaria desta Quaresma.http://bagosdeuva.blogspot.com/2008/02/pelos-caminhos-da-terceira.html
Desta vez fomos encontrá-los nos Biscoitos, subindo a Canada do Porto após paragem na Ermida de Santo António junto às vinhas que vão sobrevivendo no litoral.


O Grupo dirigiu-se à Igreja do Imaculado Coração de Maria onde fez as suas preces e de lá partiu para a Ermida do Divino Espírito Santo, privativa da família Brum.












Prosseguiram o seu caminho rumo à Igreja de São Pedro, patrono da freguesia, onde também tiveram ocasião de retemperar forças para prosseguimento da sua caminhada com passagem pela freguesia de Quatro Ribeiras até Agualva, onde pernoitaram.

Fanda