sexta-feira, 10 de outubro de 2008

Máscara Ibérica (1)

“Caretos” em Angra do Heroísmo

Sem dúvida uma das manifestações culturais do nosso povo, de grande importância e antiguidade, que permanece há séculos em Vila Boa de Ousilhão (Vinhais); Bemposta (Mogadouro); Podance (Macedo de Cavaleiros); Lazarim (Lamego; Sobrado (Valongo) e em vários sítios da Galiza bem como Zamora (Espanha).

Pinharanda Gomes, ensaísta e filósofo, in Máscara Ibérica, Vol.I, escreveu:

“As comunidades arcaicas puderam, no decurso dos séculos, conservar um espólio de antigas máscaras, que são património artístico e vital, valiosas para o conhecimento das axiologias comunitárias, e fonte de inspiração para novas criações, mediante a renovação da tradição, ou a tradição renovada. Eis porque temos o irrecusável dever de preservar as máscaras como património espiritual expresso nas faces visíveis da alma humana. As imagens possíveis da nossa alma”.

Porém, entre textos de António A. Pinela Tisa, Benjamim Enes Pereira e outros, sobressai no entanto o que transcrevo de Alberto Correia, conhecido etnólogo, professor universitário e antigo director do Museu Grão Vasco (Viseu).

“ O Carnaval de Lazarim, Lamego, não pode hoje, dissociar-se da lição de um tempo em que, ancoradas numa catequese cristã, persistiam residuais práticas mágico -religiosas que fundiam o culto dos antepassados e os ritos ligados à fecundação da terra e à dolorosa e inquieta espera do crescimento dos frutos e dos gados, que deveriam garantir eficazmente a sobrevivência da Comunidade. Assim chegou, sem modificações substanciais até este tempo próximo, que podemos chamar etnográfico e que dispõe unicamente da memória dos “velhos”, como fonte. A máscara, no dizer daqueles, era então uma tábua humilde onde se abriam dois orifícios como olhos e onde se moldava a abertura da boca, ou era uma qualquer toalha de renda com a qual se cobria o rosto durante esse ajustado tempo de Entrudo.”

Para nós, terceirenses, que vivemos o Entrudo e o S. João de forma profunda, penso que, esta exposição é de excepcional importância.

J.B.B.

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