segunda-feira, 12 de abril de 2010

“O Valentão do Mundo Ocidental”

Estreia a 16 de Abril p.f. no Teatro Angrense

O Pedra -Mó grupo de teatro– da Casa do Povo dos Altares, que completou, no passado dia 23 de Março, 32 anos de actividade, estreia, no Teatro Angrense, integrada na Temporada de Teatro de Angra do Heroísmo, a sua 42ª. produção, a comédia em dois actos, de J. M. Synge “O VALENTÃO DO MUNDO OCIDENTAL”, pelas 21H00 do dia 16 de Abril.
Sinopse da peça:
O Valentão do Mundo Ocidental é a obra-prima de Synge, a peça que lhe trouxe fama internacional. Ao fazer com que Christy Mahon, o Valentão, acredite que matou o pai, ainda que tal não tenha acontecido, Synge explora as possibilidades cómicas do tema edipiano que envolvem tanto o parricídio como o incesto. Esta comédia esplêndida e extravagante adquire ressonâncias trágicas quando Synge, mais uma vez, faz contrastar o mundo do sonho ou da ilusão (o mundo do Valentão) com o mundo da realidade crua que não pode ser redimida pela imaginação (o mundo dos camponeses). Quando a peça foi apresentada pela primeira vez no Teatro da Abadia, em Dublin, o público provocou um tumulto, chocado com a violência da acção e com a imagem da Irlanda que ela veiculava.


Fonte: nota distribuída pela comunicação social

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Valentia ou necessidade de se impôr?!

Para Moisés Mendes a fábula desta peça está situada no tempo em que era muito difícil saber-se o que se passava no outro lado da ilha – da nossa ilha, da ilha em frente ou doutra ilha qualquer - “nesse tempo, o nosso lado da Ilha, era tão pacato, tão pacato, que a Sara indignada afirma: “aqui não se passa nada que valha a pena levar à confissão”.
Evidencia-se, sarcasticamente, o rude e o isolamento, não com preocupações geográficas, mas para revelar os homens e mulheres que no seu íntimo, no “seu silêncio”, travavam uma luta com os seus sonhos e ideais, contrapondo-os às suas reais oportunidades. É evidente que esta é uma comédia da fantasia, mas que põe a nu o que, no mais profundo do nosso íntimo, nos incentiva à revolta, e vão ver que, após momentos lindos, dentre tantos, vai cada um para o seu lado, não deixando de ser trágico, já que vamos assistindo ao constante desfilar de personagens insatisfeitas que, ou se conformam, ou emigram.
“The Plaiboy of the Western World “O valentão do mundo ocidental”, como as demais peças de Synge, tem como base de trabalho o facto deste conhecer, com a maior fidelidade possível, o carácter, a imaginação e a linguagem, por vezes intensamente poética e fantástica, das gentes da sua terra natal.”
Moisés Mendes diz ser importante esclarecer que a referência geográfica sugerida pelo título da peça seja uma referência ao ocidente, tal como habitualmente o fazemos hoje, por isso nada melhor do que transcrever o que António Pedro deixou escrito a esse propósito.
“O mundo ocidental é a costa oeste da Irlanda católica, imaginosa, bruta e lírica, revoltada e isolada como talvez nenhuma outra parte desta Europa de complicações.
Um mundo fechado pela força das circunstâncias, em que a fuga necessária se dá para o fantástico, como é costume, e o hábito duma luta tradicional desnorteia esse fantástico para o culto da valentia, seja ela qual for.” (Pedro 1957: 9)
Trata-se de um desfilar de conflitos latentes, ele são os conflitos pessoais, os que as pessoas mantém com a sociedade e por ou lado ainda o conflito entre o heroísmo e a vida da comunidade em que estão inseridos. Esta peça foi, e ainda é, um texto para brincar com coisas muito sérias".



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