sábado, 13 de novembro de 2010

PROJETO MULTIMÍDIA DA PESCA NO BRASIL CHEGA AOS AÇORES


Jornalista brasileira lança trabalho sobre a pesca industrial do Brasil nas ilhas Terceira, Pico e Faial

A jornalista brasileira Sheila Ana Calgaro traz aos Açores um evento que reúne obra literária, filme e exposição de fotos sobre a pesca industrial no Brasil - tudo em um só local.

O projecto multimídia será lançado na ilha Terceira, no dia 16/11 (próxima terça-feira), 18h00, na Biblioteca Pública de Angra do Heroísmo. A realização do projecto nos Açores conta com o apoio do Governo dos Açores e colaboração do blogue Comunidades da RTP-Açores e Casa dos Açores Ilha de Santa Catarina.



O projecto compreende o lançamento do livro Vidas separadas pelo mar, no qual a autora conta memórias e histórias de vidas de pessoas ligadas à pesca industrial de Santa Catarina, estado brasileiro com forte influência da cultura açoriana. Além da obra literária, também será apresentado o filme Ciclo das Horas, com 30 minutos de duração, onde o público poderá visualizar a rotina destes pescadores em mar e em terra e ouvir seus relatos e de seus familiares.

Para completar o trabalho, os convidados serão contemplados com uma exposição de fotos e extractos da obra literária e uma palestra, que a autora irá promover, no mesmo horário do evento, para explicar como foi a experiência de realizar todo este projecto, após embarcar com um grupo de dez pescadores, em uma viagem de cinco dias em alto-mar. Além disso, o debate será uma forma de trocar experiências sobre a cultura pesqueira brasileira e açoriana.

Todo este projecto tem como objectivo maior registar memórias e vivências de “anónimas” que somem frente aos números e dados oficiais. Afinal, muitas são as pessoas com histórias para contar, mas poucas são aquelas dispostas a ouvir.


SOBRE A OBRA LITERÁRIA

“Vidas separadas pelo mar” reúne diferentes histórias de vidas que ajudam a traçar um paralelo sobre os aspectos sócio-culturais dos embarcados e a contar a trajectória da pesca industrial em Santa Catarina e no Brasil.

São histórias do Pinta Preta, pescador português que trabalhou em embarcações ainda movidas a carvão e foi pioneiro em explorar os mares do extremo-sul do Brasil. A vida de Virgínia, solitária em sua casa, convivendo com a constante espera pelo marido. As lembranças de Ricardo, sobrevivente de um naufrágio, que ficou quatro dias à mercê do oceano. A tristeza de Salma Benta, ao perder três filhos para o mar. As mãos milagrosas da benzedeira Dona Lica a abençoar o “Santa Luzia”, que voltou com o porão cheio de peixe. A intensa procura por emprego, enfrentada por Luiz Carlos, após abandonar a pesca para tentar uma vida em terra.

Histórias também vivenciadas por Sheila, a bordo do barco Monkfish, durante cinco dias em alto-mar, com dez pescadores. “Foi a maneira mais viva que encontrei para trazer minhas impressões e sensações ao texto meramente informativo. Para relatar a rotina estafante destes homens a puxar centenas de metros de rede, durante o dia inteiro”, explica a autora. Desta forma, o livro se divide em 14 capítulos com histórias de vidas e aqueles nos quais a autora narra, em primeira pessoa, a experiência em alto-mar.


SOBRE O DOCUMENTÁRIO

No mar, eles são pescadores apaixonados pelo trabalho ou condenados a um emprego que carece da aplicação das leis trabalhistas. Em terra, eles são pais e maridos que dividem seu tempo entre partidas e reencontros, convivendo com a saudade e a ausência da família. O documentário “Ciclo das Horas” mostra os relatos destes pescadores industriais, acostumados à rotina de semanas no mar e poucos dias em terra, além de depoimentos dos filhos e das esposas que enfrentam a constante espera pelo retorno.

O filme, com direcção e roteiro de Sheila Ana Calgaro, foi produzido de forma totalmente independente e revela exclusivamente as vidas dos pescadores e familiares do barco no qual a jornalista participou da viagem.

O trabalho contou com a produção de Simone Castro e fotografia/artes de Mederijohn Corumbá e montagem/finalização de Luciana Siebert.


EXPOSIÇÃO ITINERANTE E OUTROS PROJECTOS

O projecto foi ampliado também para uma exposição itinerante, com fotos dos personagens entrevistados e extractos do livro. A exposição já percorreu espaços públicos e privados, em diversas cidades do litoral catarinense, além do Distrito Federal. Todas as fotografias foram feitas pelo jornalista e fotógrafo Elton de Souza.

Sheila também distribuiu, gratuitamente, 450 exemplares, a escolas públicas e particulares de algumas cidades do Litoral catarinense, além de pesquisadores de todo o Brasil, universidades e sindicatos da pesca. “Quero que este livro sirva como um projecto social e pedagógico, valorizando as histórias destes pescadores que, muitas vezes, não têm seu trabalho reconhecido”, complementa.

A autora conseguiu parcerias com professores de Itajaí, que utilizam a obra na sala de aula, para promover palestras sobre a vida do pescador industrial.
“Muitas crianças e jovens têm pescadores em suas famílias. Mostrar a importância das memórias destas pessoas é fundamental para que estes alunos também entendam a história da nossa cidade”.


APOIOS:
No Brasil, o projecto conta com o apoio da Lei Municipal de Incentivo à Cultura, de Itajaí, Prefeitura de Itajaí, Editora Maria do Cais, Multilog e Sindicato dos Trabalhadores da Pesca em Itajaí.



BIOGRAFIA - Sheila Ana Calgaro nasceu em Itajaí (SC), no dia 20 de Agosto de 1985. Formou-se em Jornalismo pela Universidade do Vale do Itajaí em Julho de 2007 e, como Trabalho de Conclusão de Curso, apresentou o livro “Vidas separadas pelo mar”, com o qual conseguiu Lei Municipal de Incentivo à Cultura para publicá-lo. Sheila também é pós-graduada em Cinema e já trabalhou nas áreas de rádio, televisão, impresso, assessoria de comunicação e cinema. Sempre gostou de trabalhar com histórias de vidas e a opção em escrever um livro garantiu a possibilidade de relatar as memórias de personagens “anónimos” de maneira mais literária e aprofundada.

Fonte: Nota de Imprensa B P A R A H

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