quinta-feira, 30 de dezembro de 2010

Os Biscoitos, as vinhas e o desenvolvimento rural (2)

(o anterior aqui)

Por: Joaquim Pires *

Podemos afirmar, que o conceito de ruralidade abrange todas as ilhas. È neste quadro que o homem e a mulher rural açorianos, conseguem fazer funcionar em seu redor os espaços caracterizados pela predominância da utilização do solo, numa intima ligação à paisagem, aos recursos e às condições que de uma forma natural são aproveitadas pelos conhecimentos e saber de quem conhece e domina bem os segredos de uma profissão.

Os segredos da profissão de agricultor, permitiu não só produzir e gerar economia, não só prover as necessidades básicas do Homem, como ser também responsável pelo ordenamento do território, que se verifica desde o povoamento do arquipélago, passando pelo embelezamento, preservação e protecção da nossa paisagem.

Esta última componente, de preservação e protecção da paisagem, conjugada com a capacidade de produzir, faz hoje um sector de enormes responsabilidades, no quotidiano e na definição da própria qualidade de vida das populações.

Foi de facto o colocar em prática os segredos e o saber dos primeiros povoadores que natural e habilmente os passaram de geração em geração, que hoje nos permite deparar nas nossas ilhas com óptimos exemplos em matéria de produção agrícola e pecuária, bem como a implantação nos locais próprios das culturas mais indicadas. Exemplo fiel deste facto é a edificação de autênticas obras de arte relacionadas com a cultura da vinha.

A exemplo daquilo que se passa nas ilhas do Pico, da Graciosa e Santa Maria, a ilha Terceira, nomeadamente na freguesia dos Biscoitos, tem largas tradições na cultura da vinha e na produção de vinho licoroso – O Verdelho. Esta tradição não se esgota apenas na actividade vitivinícola, mas motiva e proporciona uma das paisagens mais belas e invulgares da ilha que lhe é conferida pelo rendilhado das curraletas construídos em pedra solta que a partir da Primavera se envolvem num sem número de folhas verdes (as parras da videira), um pureza que se mistura e se reflecte no azul do mar, condimentado pelos tons acinzentado e acastanhado dos rochedos vulcânicos que na costa suportam o embate do oceano que nos envolve.


O rendilhado e o reticulado da paisagem é atribuído à existência das curraletas de pedra solta que tinham e têm como principal objectivo a defesa da cultura da vinha contra a acção dos ventos fortes, em particular ressalgas (ventos do mar), bem como proporcionar um microclima muito especial à volta da videira, concentrando o calor que esta necessita e assim minimizar as amplitudes térmitas verificadas entre o dia e a noite, beneficiando toda a planta e em particular, o seu mecanismo natural de crescimento, emprestando simultâneamente e de modo acentuado, uma importância paisagística, ambiental, histórica e patrimonial que não podemos ignorar.

E, o não podemos ignorar, desencadeou na comunidade da freguesia dos Biscoitos e em muitos outros sectores da sociedade civil, uma vontade em classificar a Zona Demarcada onde se produz o Vinho Licoroso de Qualidade Produzido em Região Determinada – V.L.Q.P.R.D. – “Biscoitos”, como Área de Paisagem Protegida de Interesse Regional, de acordo com a legislação existe, por forma a preservar-se um património natural, característico desta zona vitícola, que constitui um elevado interesse paisagístico, histórico-cultural e agrícola, que deverá em todos fazer reflectir a sua importância no sentido de se preservar e proteger.

* Director Regional do Desenvolvimento Agrário
(continua)


Outros :

Planta da Freguesia dos Biscoitos (ano 1830) aqui

Plantas Vasculares nas Vinhas dos Biscoitos (ano 1971) aqui.

"A vinha perde-se e a população nada ganha" (ano 1994) aqui.

"Região de Biscoitos, nos Açores - Casas em vez de vinhas" - Santos Mota (ano 1994) - aqui.

"Biscoitos: que futuro? "-José Aurélio Almeida (ano 1996) - aqui.

"As Vinha dos Biscoitos" -Bailinho de Carnaval da Freguesia das Fontinhas. (ano 1997) aqui.

"Uma virada nos Biscoitos"(Açores)- (ano 1998) aqui.

O viticultor açoriano está envelhecido (ano 1998/99) aqui

“Provedor de Justiça dá razão à Confraria” (ano 1999) aqui.

“Museologia de Interpretação da Paisagem Ecomuseu dos Biscoitos, da ilha Terceira” - por Fernando Santos Pessoa (ano de 2001) aqui.

"Carta de risco geológico da Terceira" (ano ano 2001) aqui.

"Paisagem Báquica - Memória e Identidade" - Aurora Carapinha (ano 2001) aqui.

“A Paisagem Açoriana dos Biscoitos” - por Gonçalo Ribeiro Telles (ano 2002) aqui.

"Fadiga sensorial" (ano 2007) aqui.

"Defender curraletas!" (ano 2007) aqui.

"Rememorando as origens dos Biscoitos nos séculos XV e XVI"- por Rute Dias Gregório (ano 2008) aqui, aqui e aqui.


“A Vinha, o Vinho dos Biscoitos e o Turismo” - por Margarida Pessoa Pires (ano 2009) aqui.


(continua)

terça-feira, 28 de dezembro de 2010

Casa Agrícola Brum -120º aniversário

Selos comemorativos
Dados técnicos:
Emissão: 300 selos de cada
Produção: CTT 2010 (2010-11-21)
Circulação: 2010-12-27 (PC BISCOITOS)
Local da obliteração dos selos: Casa Agrícola Brum


domingo, 26 de dezembro de 2010

Marcas dos tanoeiros de Angra (1705-1707)


Por: Francisco dos Reis Maduro-Dias*

Num interessantíssimo trabalho intitulado “Industrias Terceirenses de Carácter Artístico e sua Valorização”, publicado em 1955 no Vol. XII do Boletim do Instituto Histórico da Ilha Terceira, refere o Dr. Luís da Silva ribeiro, a pp,30, que dezoito tanoeiros fizeram registar na Câmara as suas marcas no ano de 1705.

São essas marcas que hoje se trazem aqui à estampa, recolhidas no Livro nº 5 do Tombo da Câmara de Angra, existente na Biblioteca Pública e Arquivo de Angra do Heroísmo, a fls. 67 a 68v.


Trata-se de ferros de marcar a fogo como ainda é de uso e foram estampadas a negro, aproveitando em parte o próprio negro do fumo. Estão em tamanho real, e algumas vincaram um pouco o papel, sendo todas precedidas de uma fórmula mais ou menos idêntica pelo que apenas se transcreve a primeira:

“Em os quinze dias do mês de Julho de mil settecentos e sinco nesta Cidade de Angra na casa da Câmara della perante mim pareseu Manoel Nunes official de tanoeyro e por elle foi dito que em cumprimento do Capitulo de Correyção vinha rezistar a sua marca de que he de usar em pipas e vasilhas que fizer a qual he a que abayxo segue e para cinstar fiz termo Vicente Serrão e Castro escrivão da Câmara de Angra.”

Encontrámos apenas dezassete marcas, uma delas incompleta em virtude do papel ter sido aparado pelos trabalhos de encadernação realizados neste século e estendem-se no tempo entre Julho de 1705 e 1707.


Pipas, barris e outro vasilhame eram, como se sabe, contentores essenciais ao tempo, compartilhando com as caixas de madeira e as vasilhas de barro a nobre função de guardar e não apenas vinho mas tudo ou quase tudo, e numa época em que os processos de medir e quantificar ainda não estavam tão apurados como hoje, necessário se tornava poder responsabilizar o fabricante ou garantir a sua idoneidade. (Havia quem, põe exemplo, metesse mais para dentro os fundos deixando as aduelas do mesmo tamanho, o que fazia com que o barril ficasse com menos capacidade, de um modo muito difícil de notar). Quem foram? Onde viviam? Cruzar esta determinação com outras do tempo e com a produção de vinho da Terceira e das “Ilhas de baixo) (sempre presentes nas posturas municipais da época) são, entre outras, questões interessantes que ficam, por agora, por responder.





Tanoeiros que apareceram a registarem as suas marcas perante o escrivão da Câmara de Angra:

Manoel Nunes, 15 de Julho de 1705
Manoel Dutra, 18 de Julho de 1705
Balthezar Cardoso, 28 de Julho de 1705
Manoel Gonçalves, 19 de Julho de 1705
Amaro Silveira, 7 de Novembro de 1705
João Toste, 9 de Novembro de 1705
Matheus Cardoso, 9 de Novembro de 1705
Miguel da Costa, 9 de Novembro de 1705
António de Souza, 11 de Novembro de 1705
Mathias Pereira, 13 de Novembro de 1705
Miguel Pereira, 13 de Novembro de 1705
Miguel Vieira, 13 de Novembro de 1705
Manoel Francisco, 13 de Novembro 1705
Francisco Moniz, 20 de Abril de 1706
Joseph Pereira, 20 de Abril de 1706
Manoel Roiz Rebello, 10 de Maio de 1707
Francisco Gomes, 2 de Maio de 1707

*Director do GZCAH,
Técnico Superior Principal do Museu de Angra.
Presidente do I.H.I.T.
Confrade Irmão da C.V.V.B.

In Revista Verdelho- Boletim da Confraria do Vinho Verdelho dos Biscoitos

sábado, 25 de dezembro de 2010

sexta-feira, 24 de dezembro de 2010

quinta-feira, 23 de dezembro de 2010

Vinho moderado

O número de alcoólicos - e suas consequência familiares e sociais - não pára de crescer no país que habitamos. O mesmo não se pode dizer da produção vinícola nacional. O alcoolismo tem aumentado com outras fermentações não vinícolas.

Mercê da designada “Politica Agrícola comum” da União Europeia, os onze milhões de hectolitros de vinho, produzido em 1973, desceu para cinco milhões e meio de hectolitros, em 1997.

Dos tais, que nos mandaram arrancar as vinhas, produtoras de uvas, de que se fazem as colheitas vinícolas, chaga-nos a notícia dos benefícios do uso moderado do vinho. O abuso faz sempre mal.

“Um estudo alemão mostra que o uso de quantidades moderadas do vinho pode matar a bactéria H. Pyloti que os cientistas julgam provocar as úlceras do estômago”. Caso para dizer que “mata o bicho”. Mas só o vinho moderadamente bebido.

Razão tinha São Paulo para recomendar a Timóteo (1 Tim5,23): “Não bebas só água, mas mistura um pouco de vinho por causa do teu estômago e de tuas frequentes enfermidades”.

Evidentemente, que ninguém é pipa de arrumar bebida. E só quem sabe beber moderadamente poderá usufruir do gosto e dos benefícios que se poderão tirar de um bom vinho. F.D.

In A União 29 de Abril de 1999

quarta-feira, 22 de dezembro de 2010

Estado de D. Afonso VI na Ilha Terceira



Quando el-rei D. Afonso VI veio cumprir a “sentença de deposto” no Castelo de S. João Baptista na ilha Terceira (21 de Junho de 1669) compunha-se a sua corte e estado do seguinte modo:

Mordomo-mor, Manuel Nunes Leitão; camaristas, Martim Afonso de Melo e Sá, Luiz de Sá Miranda, Fernando de Barbalho Bezerra, Diogo Soares Pereira, e Estevam Augusto de Castilho que também exercia o cargo de Estribeiro – mor. Havia cinco guarda - roupas, cinco moços de câmara, um escrivão da ucharia e um vedor, um médico, um cirurgião, dois capelães, dois moços de capela, um mantieiro, seis reposteiros, um comprador, um mestre de cozinha, quatro oficiais e quatro moços, dois moços de prata e um varredor.

Conta-se que da comitiva fazia parte um cidadão espanhol, de Náron, daí o surgimento da palavra naião no vocabulário terceirense.

A 3 de Outubro de 1669 desembarcou na ilha Terceira um coche forrado de damasco vermelho; uma liteira grande e ou e outra pequena; seis formosos cavalos d’estado; seis rosins; seis mulas do coche; um sota cocheiro; um mestre de cavalaria; um picador; seis moços de estrebaria; quatro liteireiros e quatro moços do estribo.
Os arreios e jaezes do coche eram todos do maior preço e do mais esmerado asseio.

Fonte: apontamentos de Álvaro de Castro Menezes

segunda-feira, 20 de dezembro de 2010

Boal “Pompo Branco”


Características Morfológicas

Parte terminal da folha – Aberta, branca com orla carminada viva.
Folha adulta – média a grande, de cor verde, pentagonal e revoluta.
Cacho – Tamanho médio a grande e medianamente fechado.
Bago -Médio, oval de cor verde amarelado.
Porte - Semi-erecto.
Vigor - Médio .


Características Fenológicas

Data de abrolhamento – 1.ª quinzena de Março.
Data de floração - 2.ª quinzena de Maio.
Data de pintor - 2.ª quinzena de Julho.
Data de maturação - 1ª quinzena de Setembro

Características Culturais

Afinidade com porta enxertos – Boa (R99)
Poda - Vara e talão.
Rendimento - Casta com rendimento regular ( 2.o a 2,50 kg.)


Comportamento quanto a doenças

Míldio - Moderadamente sensível.
Oídio – Sensível.
Podridão - sensível.
Algodão - sensível.
Erinose- Pouco sensível.



domingo, 19 de dezembro de 2010

Compilação da imprensa (27)

(os anteriores aqui)


SOS Fajãs



In Diário Insular 18 de Dezembro 2010


As fajãs da freguesia dos Biscoitos incluídas na carta de risco geológico da ilha Terceira, aqui


Outros :


Planta da Freguesia dos Biscoitos (ano 1830) aqui

Plantas Vasculares nas Vinhas dos Biscoitos (ano 1971) aqui.

"A vinha perde-se e a população nada ganha" (ano 1994) aqui.

"Região de Biscoitos, nos Açores - Casas em vez de vinhas" - Santos Mota (ano 1994) - aqui.

"Biscoitos: que futuro? "-José Aurélio Almeida (ano 1996) - aqui.

"As Vinha dos Biscoitos" -Bailinho de Carnaval da Freguesia das Fontinhas. (ano 1997) aqui.

"Uma virada nos Biscoitos"(Açores)- (ano 1998) aqui.

O viticultor açoriano está envelhecido (ano 1998/99) aqui

“Provedor de Justiça dá razão à Confraria” (ano 1999) aqui.

“Museologia de Interpretação da Paisagem Ecomuseu dos Biscoitos, da ilha Terceira” - por Fernando Santos Pessoa (ano de 2001) aqui.

"Carta de risco geológico da Terceira" (ano ano 2001) aqui.

"Paisagem Báquica - Memória e Identidade" - Aurora Carapinha (ano 2001) aqui.

“A Paisagem Açoriana dos Biscoitos” - por Gonçalo Ribeiro Telles (ano 2002) aqui.

"Fadiga sensorial" (ano 2007) aqui.

"Defender curraletas!" (ano 2007) aqui.

"Rememorando as origens dos Biscoitos nos séculos XV e XVI"- por Rute Dias Gregório (ano 2008) aqui, aqui e aqui.


“A Vinha, o Vinho dos Biscoitos e o Turismo” - por Margarida Pessoa Pires (ano 2009) aqui.


(continua)

sábado, 18 de dezembro de 2010

Compilação da imprensa (26)

(os anteriores aqui)


Uma necessidade premente

Classificação como Paisagem Protegida da área de vinhas dos Biscoitos

Por: Fernando Santos Pessoa*

É na qualidade de confrade da Confraria do Vinho Verdelho dos Biscoitos que venho corresponder ao solicitado por Jácome de Bruges Bettencourt, Amigo de longa data, actual grão-mestre da C.V.V.B. para emitir o meu parecer sobre fundamentos jurídicos que possam conduzir à classificação da área das vinhas na freguesia dos Biscoitos.

Desde há muito anos que faço parte do grupo interessado que se bate pela protecção daquela área agrícola de valor cultural, onde as curraletas constituem, desde o séc. XV, um verdadeiro monumento erigido pelos primeiros povoadores numa fajã de excelentes condições para a produção de vinho de qualidade.

Ao longo dos séculos a paisagem das vinhas dos biscoitos nunca mudou de funções: criada para produzir vinho verdelho, essa tem sido a sua função através de laboriosa e quase heróica construção e manutenção das curraletas abrindo na rocha os locais de plantação dos pés da vinha e dando assim origem ao famoso vinho Verdelho dos Biscoitos, denominação de origem que em tempos idos já teve honras dos melhores mercados europeus e que continua, apesar de muitas vicissitudes, a ser um produto de alta qualidade e muito prestigio.


A intenção de ter a área das vinhas protegida por uma classificação de carácter ambiental e cultural é aspiração perfeitamente compreensível e razoável, e muito antes da classificação, aliás justificadíssima, das vinhas da Ilha do Pico, já a questão dos Biscoitos estava a ser objecto de diligencias.

Confesso que, para mim, é uma estranha surpresa constatar a falta de empenho dos terceirenses na defesa de um valor cultural e paisagístico tão relevante; ao longo dos últimos anos os interesses da construção de moradias numa área única da paisagem terceirense, têm tido mais importância e até apoio do que a protecção das vinhas.

Ora toda a gente sabe que as casas podem ser construídas em qualquer lugar ao longo da costa – não faltam belos trechos de costa na Ilha – enquanto o verdelho, se as curraletas forem destruídas ou prejudicadas, não se vai produzir em mais lado nenhum.

Há assim valores paisagísticos, históricos e culturais, além de valor económico como produto de qualidade, que, justificam um estatuto de protecção para área das vinhas.

Para situações desta natureza é que se instituiu em Portugal a figura de “Paisagem Protegida”, que foi adaptada do alemão “Schutz lanschaft” – áreas protegidas, para defesa de valores paisagísticos e culturais relevantes.

Se fosse uma área de interesse natural poderia vir a ser Monumento Natural ou até uma Reserva Natural.

Na legislação regional sobre esta matéria – Decreto Legislativo Regional nº 21/93/A de 23-12-93, que adaptou para a região o estipulado no Decreto-Lei nº 19/93 de 23 de Janeiro – existe a figura de paisagem protegida de interesse regional (que não existe na lei nacional), mas existe também a Área protegida de interesse local, cujo artigo (artº 7º) diz:

“Na Região Autónoma dos Açores as áreas protegidas a que respeita o presente artigo classificam-se em paisagem protegida de interesse local nos termos do nº2 do artigo 5º, e de acordo com o interesse que procuram salvaguardar, sendo geridas pelas respectivas autarquias ou associações de municípios”
Por sua vez o citado nº2 do artigo 5º diz:

“As áreas referidas no número anterior são delimitadas e classificadas por decreto legislativo regional por iniciativa da secretaria Regional de turismo e ambiente ou no seguimento de propostas a esta apresentadas, por autarquias locais ou associações de municípios ou de defesa do ambiente”. (O sublinhado é nosso).

Portanto se as autoridades locais estiverem interessadas na classificação da área das vinhas, sabem que têm fundamento jurídico para propor essa classificação – classificação que descansava de vez as preocupações constantes sobre a sobrevivência das vinhas e que, por outro lado, podia potenciar a obtenção de algum financiamento para a gestão e manutenção da aérea.

Mas deixe-me dizer francamente o que penso – e outras vozes mais autorizadas do que a minha o corroboram – que a área tem valor paisagístico, histórico e cultural mais do que suficiente para poder merecer interesse do Governo Regional e ser-lhe atribuída condição de Paisagem Protegida de Interesse Regional.


Neste caso também competirá à Autarquia, se quiser defender com garra os interesses do seu concelho, propor essa classificação à Secretaria Regional.

Mas no mínimo, para a classificação de interesse local, não é compreensível a falta de vontade até agora existente.
O facto de o PDM vir a dar protecção à zona, não lhe confere o mesmo realce de natureza institucional que terá a sua classificação específica como Área Protegida.

Claro que a possível instituição do Ecomuseu dos Biscoitos, que aliás eu próprio propus num colóquio internacional de Museologia, aqui há alguns anos, e e sobre o qual já houve recentemente uma reunião promovida pela DRA, vem dar ênfase ao valor cultural do sítio, mas não lhe confere qualquer grau especifico de protecção.

Quero manifestar à Confraria a que tenho a honra de pertencer, que pelo menos através deste organismo enófilo que deverá ser motivo de orgulho para a Ilha Terceira, devemos continuar a batalhar para que as Autoridades venham finalmente a aceitar a importância que teria a instituição da Paisagem Protegida dos Biscoitos.

A Autarquia que assuma a defesa da área, primeiro como nível regional e se por aqui não encontrar aceitação, no mínimo como de nível local.

* Arquitecto Paisagista e Eng.º Agrónomo
Prof. da Universidade do Algarve

In A União de 21 de Julho de 2006


Outros :


Planta da Freguesia dos Biscoitos (ano 1830) aqui

Plantas Vasculares nas Vinhas dos Biscoitos (ano 1971) aqui.

"A vinha perde-se e a população nada ganha" (ano 1994) aqui.

"Região de Biscoitos, nos Açores - Casas em vez de vinhas" - Santos Mota (ano 1994) - aqui.

"Biscoitos: que futuro? "-José Aurélio Almeida (ano 1996) - aqui.

"As Vinha dos Biscoitos" -Bailinho de Carnaval da Freguesia das Fontinhas. (ano 1997) aqui.

"Uma virada nos Biscoitos"(Açores)- (ano 1998) aqui.

O viticultor açoriano está envelhecido (ano 1998/99) aqui

“Provedor de Justiça dá razão à Confraria” (ano 1999) aqui.

“Museologia de Interpretação da Paisagem Ecomuseu dos Biscoitos, da ilha Terceira” - por Fernando Santos Pessoa (ano de 2001) aqui.

"Carta de risco geológico da Terceira" (ano ano 2001) aqui.

"Paisagem Báquica - Memória e Identidade" - Aurora Carapinha (ano 2001) aqui.

“A Paisagem Açoriana dos Biscoitos” - por Gonçalo Ribeiro Telles (ano 2002) aqui.

"Fadiga sensorial" (ano 2007) aqui.

"Defender curraletas!" (ano 2007) aqui.

"Rememorando as origens dos Biscoitos nos séculos XV e XVI"- por Rute Dias Gregório (ano 2008) aqui, aqui e aqui.


“A Vinha, o Vinho dos Biscoitos e o Turismo” - por Margarida Pessoa Pires (ano 2009) aqui.


(continua)


sexta-feira, 17 de dezembro de 2010

Compilação da imprensa (25)

(os anteriores aqui)

Biscoitos devem investir no turismo



(…)

O aproveitamento turístico da vinha dos Biscoitos pode ser a solução para a zona, conde as curraletas estão a desaparecer e a produção a diminuir.

A opinião é de Sandra Nunes, finalista do curso de Arquitectura Paisagista, no Instituto Superior de Agronomia, que apresentou um colóquio intitulado “Biscoitos: Panorama Actual e Perspectivas para o Futuro”, na XIV Festa da Vinha e do Vinho, na freguesia, no passado fim-de-semana.

A pressão imobiliária é a principal causa da destruição das curraletas dos Biscoitos, além do facto da paisagem não ser protegida por legislação eficaz, considera.

As soluções passariam pela consideração da zona como paisagem de interesse regional (de forma a proteger a vinha, o vinho verdelho e evitar a especulação imobiliária) e pelo aproveitamento turístico.

Sandra Nunes sublinha que os Biscoitos devem ser incluídos nos roteiros turísticos dos Açores pela vinha e não apenas pelas piscinas naturais, cativando um turismo cultural e não de massas, em que a população tenha voz activa.

As visitas aos Biscoitos deveriam incluir uma ida ao Museu, mas também a adegas de pequenos vitivinicultores, que deviam preparar-se para receber turistas que não procuram praias e sol, mas cultura.

(…)

In Diário Insular de 7 de Setembro de 2005




Outros :


Planta da Freguesia dos Biscoitos (ano 1830) aqui

Plantas Vasculares nas Vinhas dos Biscoitos (ano 1971) aqui.

"A vinha perde-se e a população nada ganha" (ano 1994) aqui.

"Região de Biscoitos, nos Açores - Casas em vez de vinhas" - Santos Mota (ano 1994) - aqui.

"Biscoitos: que futuro? "-José Aurélio Almeida (ano 1996) - aqui.

"As Vinha dos Biscoitos" -Bailinho de Carnaval da Freguesia das Fontinhas. (ano 1997) aqui.

"Uma virada nos Biscoitos"(Açores)- (ano 1998) aqui.

O viticultor açoriano está envelhecido (ano 1998/99) aqui

“Provedor de Justiça dá razão à Confraria” (ano 1999) aqui.

“Museologia de Interpretação da Paisagem Ecomuseu dos Biscoitos, da ilha Terceira” - por Fernando Santos Pessoa (ano de 2001) aqui.

"Carta de risco geológico da Terceira" (ano ano 2001) aqui.

"Paisagem Báquica - Memória e Identidade" - Aurora Carapinha (ano 2001) aqui.

“A Paisagem Açoriana dos Biscoitos” - por Gonçalo Ribeiro Telles (ano 2002) aqui.

"Fadiga sensorial" (ano 2007) aqui.

"Defender curraletas!" (ano 2007) aqui.

"Rememorando as origens dos Biscoitos nos séculos XV e XVI"- por Rute Dias Gregório (ano 2008) aqui, aqui e aqui.


“A Vinha, o Vinho dos Biscoitos e o Turismo” - por Margarida Pessoa Pires (ano 2009) aqui.


(continua)