terça-feira, 31 de janeiro de 2012

GENEALOGIAS DE SÃO TOMÉ E PRÍNCIPE

NOVO LIVRO DE JORGE FORJAZ

Jácome de Bruges Bettencourt*

     
    A continuar uma já longa e bem sucedida carreira como genealogista, confirmada por mais de uma dúzia de títulos impressos, com destaque para obras como O Solar de Nossa Senhora dos Remédios (duas edições), Os Monjardinos, Os Teixeira de Sampaio da Ilha Terceira, Famílias Macaenses (três volumes), Os Colaço – Uma Família Portuguesa em Tânger, com futuros lançamentos de Famílias Portuguesas da Ilha de Moçambique e História Genealógica dos Presidentes da República Portuguesa. 

Em colaboração com José Francisco de Noronha, Os Luso-descendentes da Índia Portuguesa (três volumes) e juntamente com António Ornelas Mendes Genealogias da Ilha Terceira (dez volumes) e Genealogias das Quatro Ilhas: Faial, Pico, Flores e Corvo (quatro volumes). Tem mais em preparação, Famílias da Ilha do Fogo e Bissau, bem como Genealogias da Ilha Graciosa, a última de parceria com Luís Conde Pimentel e António Ornelas Mendes, entre outros projectos.

       Para atestar o valimento da obra de Jorge Forjaz, bastará realçar-se o facto de Famílias Macaenses terem merecido o Prémio Fundação Oriente. Depois, ao conjunto Os Teixeira de Sampaio da Ilha Terceira e Os Colaço – Uma Família Portuguesa em Tânger, foi atribuído o Prémio 3º Marquês de São Payo e à obra Correspondência para o Dr. Eduardo Abreu – Do Ultimato à Assembleia Nacional Constituinte (1890-1911), é conferido o Prémio Calouste Gulbenkian.

      É autor de outros títulos no campo da historiografia açoriana, para além de basta colaboração dispersa por revistas culturais e outros órgãos de comunicação social de âmbito nacional e regional. 

       Lembramos, igualmente aqui, os seus tão apreciados programas televisivos, entre os quais Os Açores e o Património, Memórias do Tempo e Os nomes da nossa gente. 

      Foi o primeiro Director Regional dos Assuntos Culturais (1976-1984) e dos mais destacados e operosos ocupantes deste cargo, enfrentando o terramoto de 1980, o melhor que podia. De 1984 a 1988 foi Director do Museu de Angra. Dirigiu o Festival Internacional de Música dos Açores e esteve no Oriente como Secretário-geral do Festival de Música de Macau (1989-1991). Foi requisitado pelo M.N.E. para ser Conselheiro Cultural junto da Embaixada de Portugal em Marrocos e Director do Centro Cultural Português em Rabat (2003-2006), etc, etc.

       Reformou-se como Técnico Superior Assessor Principal da Biblioteca Pública e Arquivo Regional de Angra do Heroísmo, isto é, sem sinecuras ou prebendas, do tipo reformas douradas para “gentalha” que navega nas políticas…

      Recebeu, como reconhecimento, certamente pelo seu empenho cultural a Ordem de Mérito, no grau de grande oficial, entregue no Dia de Portugal/2003 em Angra do Heroísmo por Jorge Sampaio, então Presidente da República Portuguesa. Já possuía a Ordem Equestre do Santo Sepulcro de Jerusalém (1986). É medalha de Mérito Cultural da Secretaria de Estado da Cultura, etc.

    Genealogias de São Tomé e Príncipe é uma notabilíssima produção das melhores que fez, apostada no rigor analítico, apoiada numa busca de fontes, sabe Deus, às vezes a quanto custo e insistência, enfrentando más vontades, por parte de quem teria por dever ajudar, não complicando ou dificultando o acesso a informações para enriquecimento de obras como esta.

    Devo dizer, que segundo me disse o próprio Jorge, nos países de expressão lusíada visitados, onde trabalhou em recolhas, sempre encontrou cooperação e simpatia. 

    O volume em referência apresenta 675 páginas, em edição da Dislivro Histórica, com o patrocínio da Embaixada de Portugal (local), IPAD – Instituto Português de Apoio ao Desenvolvimento, IC – Instituto Camões, Banco Internacional de São Tomé e Príncipe e Pestana Hotels & Resorts.


    Ao folhearmos Genealogias de São Tomé e Príncipe ficamos logo agradavelmente surpreendidos com o elevado número de imagens, cerca de 230, das roças e seus edifícios, outras casas e relevantes personalidades, pertencentes às famílias portuguesas de origem, incluindo necessariamente as ligadas aos Açores como o caso dos Gamas, que andaram pelo Faial e São Miguel e detiveram uma das mais importantes casas comerciais de São Tomé e Príncipe, dos Silveira e Paulo oriundos do Pico (Santo Amaro) e São Jorge (Urzelina) que “na torna viagem” se fixaram na Terceira. Isto, depois de Domingos Machado Silveira com os irmãos José Jorge, Manuel Jorge, Francisco Jorge e João Jorge, estabelecerem uma sociedade proprietária das roças Urzelina e Colónia Açoriana, com 1530 hectares de plantação, sobretudo produzindo café e cacau, que possuía, inclusivamente, uma linha de ferro privativa com 2 quilómetros. 


    “Os africanos” como eram conhecidos os irmãos Silveira e Paulo, compraram várias casas, quintas e terras na Terceira acabando por construir em Angra e arredores, imponentes casas, como o belo Palacete Silveira e Paulo, hoje sede da Direcção Regional da Cultura, a casa da esquina da Rua do Galo para a Rua da Conceição, agora dos Serviços da Direcção Regional do Ambiente e a imponente Vila Olívia, no Caminho de Baixo que confronta a nascente com a Quinta da Estrela. Curiosamente, existe um postal que identifica esta última como Vila Falcarreira, por Dona Olívia Silveira ter casado, segunda vez, com o primogénito do Visconde de Falcarreira que, ao enviuvar, terá desbaratado a fortuna da mulher, começando por vender este prédio. Outra família ligada aos Açores foi a dos Simas da Graciosa que exploraram a roça André Velho, produtora de cacau. Na casa do Conde de Simas em Santa Cruz da Graciosa, por doação da viúva, está instalada a Câmara Municipal. Estas famílias viveram e trabalharam arduamente, durante bastantes anos, nestas ilhas africanas localizadas mesmo em cima do Equador.

       Nasceram aí, como se constata na presente obra do Jorge, grandes figuras que muito honraram Portugal, provenientes dos Almada Negreiros, Alva Brandão, Belard, Burnay, Carneiro de Sousa e Faro, Fonseca, Fontes Pereira de Melo, França e Almeida, Maçedo e Oliveira, Mantero, Menezes, Monteiro de Mendonça, Pereira da Cunha, Quintas, Sousa e Almeida, Teixeira, Vale-Flor ou Viana da Mota, isto entre os 70 nomes de família aqui fixados. 

        Sem dúvida, o Jorge Forjaz merece, por tudo isto, palavras de apreço, mas quem adquirir o livro ficará, também, de parabéns pela sua qualidade e interesse.

* Cônsul Honorário da República de Cabo Verde nos Açores

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